Baronesa Thyssen só cede a sua colecção por mais um ano

Foto
Em Novembro, Cervera propôs o aluguer da colecção SUSANA VERA/reuters

Carmen Cervera, conhecida como baronesa Thyssen, aceitou ceder a sua colecção de arte ao Estado espanhol por apenas mais um ano, de forma gratuita. O acordo foi anunciado no final da tarde de terça-feira por Ángeles González-Sinde, ministra da Cultura espanhola.

Em 2000, a baronesa Thyssen cedeu ao Estado espanhol por 11 anos a sua colecção, composta por 240 obras avaliadas entre os 600 e os 800 milhões de euros e que fazem parte dos acervos do conhecido museu Thyssen-Bornemisza, de Madrid. O prazo do empréstimo terminou no dia 12 de Fevereiro e a ministra da Cultura espanhola retomou negociações com Carmen Cervera. Depois de longas conversações num clima que a imprensa espanhola descreve como "de tensão", Carmen Cervera aceitou ceder as obras por apenas mais um ano.

"Teria sido muito melhor fazer um acordo por dois anos, que nos permitiria definir estratégias de trabalho a longo prazo. Assim vamos ter que encontrar outra solução para o futuro", disse a ministra à imprensa no fim das negociações, apontando a diferença de interesses entre a baronesa e o Estado. "Os termos aceitáveis para a baronesa não eram os mesmos que para o Estado e os interesses dos contribuintes. É com isso que o Ministério tem que se preocupar", sublinhou, citada pelo El Pais.

Por seu lado, Carmen Cervera explicou ao El Mundo que, nesta ronda de negociações, a questão financeira nunca foi discutida e que sempre se mostrou disponível para ceder a sua colecção de forma gratuita, como tem feito desde 2000. "O Estado não tem quaisquer gastos com as obras, nem os seguros tem que pagar", disse Cervera.

Em Novembro passado, Carmen Cervera propôs ao Estado o aluguer da sua colecção por dois anos. O preço seria estipulado com base no valor do aluguer da colecção do seu falecido marido, o barão Thyssen, que, em 1993, acabaria por vender as suas obras ao Estado. Mas esta proposta não foi aceite. Mas, neste momento, a discórdia vai até ao uso da marca Carmen Thyssen, registada em nome da fundação pertencente ao Estado.

A baronesa não quis entrar em detalhes, mas explicou ao El Mundo que Carmen Thyssen é o seu nome desde o casamento com o barão Thyssen. "Foi muito grosseiro o que a ministra disse. A única coisa que quero é poder ter a minha marca, Carmen Thyssen-Bornemisza, é por isso que tenho lutado desde 2005. A única coisa que foi pedido foi o reconhecimento da minha marca e um pouco de educação. Já fiz 37 exposições em meu nome, dentro e fora de Espanha, e nunca houve problema", atestou, acrescentando que o Museu Thyssen-Bornemisza teve no último ano um remanescente de quatro milhões de euros. "Gero mais riqueza do que aquilo que dizem que custo".

A colecção Carmen Thyssen-Bornemisza é uma das mais importantes colecções espanholas, fundamental para o museu. Integra obras de grande parte do século XIX, incluindo nomes. Picasso, Matisse, Gris, Monet, Pissaro, Van Gogh e Gauguin são alguns dos nomes representados.

Sugerir correcção