Agente da PSP que matou MC Snake diz que disparou com justificação

Foto
Um grafitti feito em memória de MC Snake João Gaspar

Nuno Moreira apresentou-se ao tribunal de forma calma e reconheceu ser o autor dos três disparos efectuados no decurso da operação que culminou com a morte de Nuno Manaças, músico de profissão e normalmente conhecido como MC Snake.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Nuno Moreira apresentou-se ao tribunal de forma calma e reconheceu ser o autor dos três disparos efectuados no decurso da operação que culminou com a morte de Nuno Manaças, músico de profissão e normalmente conhecido como MC Snake.

O polícia, que após o incidente foi colocado numa divisão policial do Porto, afirmou que o primeiro disparo, tendente a fazer parar o suspeito, foi efectuado para o ar, enquanto os dois restantes foram direccionados para os pneus. Um deles haveria de perfurar a chapa e atingir a vítima.

O polícia que está a ser julgado disse, em sua defesa, que apenas teve meio-dia de instrução com o modelo da arma que utilizou no dia da morte de MC Snake, pretendo desse modo justificar o porquê de, a cerca de 15 metros de distãncia, não ter acertado nos pneus do carro do fugitivo.

A primeira audiência do julgamente, largamente participado por familiares e amigos da vítima, ficou ainda assinalada pelo depoimento do ex-inspector chefe da secção de homicídios da Polícia Judiciária, António Teixeira, o qual praticamente se limitou a esclarecer que o arguido colaborou sempre na investigação do incidente.

Numa próxima audiência, na tarde de 22 de Março, o próprio comandante da Unidade Especial de Polícia da UEP, superintendente Magina da Silva, irá, arrolado pela defesa, prestar alguns esclarecimentos relativamente ao manuseamento da arma.

No final da audiência, Jorge Manaças, irmão da vítima, disse aos jornalistas que o facto de o arguido invocar a pouca formação no manuseamento da arma não serve de desculpa. “Se não tem formação, então não pode disparar. Se o fez, mesmo sem formação, então está a chamar incompetentes aos seus superiores”.

O advogado de defesa, Santos Oliveira, não quis prestar declarações, o mesmo não tendo acontecido com o presidente do sindicato que está a patrocinar a defesa. Em declarações ao PÚBLICO Armando Ferreira disse que “o juiz vai ter meses para decidir, enquanto o polícia teve que tomar uma decisão em décimas de segundo”.