Comentador televisivo francês multado por racismo

Eric Zemmour, um comentador de vários canais de televisão francesa e do jornal Le Figaro, conhecido pelas suas posições politicamente pouco correctas, foi condenado a uma multa de 2000 euros com pena suspensa por incitação ao ódio racial. Em causa estão as suas opiniões sobre a delinquência dos "negros e dos árabes".

A 6 de Março de 2010, Zemmour teve um dia cheio de declarações polémicas, nas televisões Canal+ e France Ô. Na primeira, comentando os controlos feitos com base no aspecto físico, disse: "Por quê? Porque a maior parte dos traficantes são negros e árabes, é assim, é um facto". Na France Ô, considerou que os empregadores "têm o direito" de recusar dar trabalho a árabes ou a negros.

O tribunal considerou que estas declarações "ultrapassaram os limites autorizados da liberdade de expressão", na conclusão do processo movido contra Zemmour por três associações anti-racistas (Movimento contra o Racismo e pela Amizade entre os Povos, SOS Racismo e Liga Internacional conta o Racismo e o Anti-semitismo). O cronista deverá ainda pagar mil euros a título de perdas e danos a cada uma das organizações que apresentaram queixa conta ele.

Num outro julgamento, o tribunal considerou que Zemmour é também culpado de discriminação, e condenou-o a pagar outros mil euros de multa, com pena suspensa, e a indemnizar em um euro cada uma das partes civis, as associações J"Accuse e União dos Estudantes Judeus de França.

Dirigentes do Partido Socialista francês, entretanto, apelaram aos media audiovisuais em que Zemmour costuma ser convidado para comentar a actualidade para que boicotem a sua presença.

"A impunidade audiovisual de Eric Zemmour não deve juntar-se à impunidade governamental de Brice Hortefeux [o actual ministro do Interior, conhecido pelas suas posições igualmente polémicas, já condenado várias vezes]. As opiniões insuportáveis destas personalidades banalizam o racismo no quotidiano", dizem Pascale Boistard e Mehdi Ouraoui, citados pelo site da revista Nouvel Observateur.

Já o secretário de Estado dos Transportes, Thierry Mariani, exprimiu a sua "consternação", por ver que os profissionais do anti-racismo preferem constituir-se parte civil num processo em vez de assumirem um debate público sobre os assuntos que preocupam os cidadãos." C.B.

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