Nova Via Nun"Álvares definida em Fevereiro

Vereador do Urbanismo na Câmara do Porto diz que júri do concurso público vai negociar com cinco concorrentes, devendo escolher a proposta vencedora até final do próximo mês

O vencedor final do concurso de concepção da futura Via Nun"Álvares deverá estar escolhido pelo júri até ao final do mês de Fevereiro. A proposta será, depois, adjudicada pela Câmara do Porto. A expectativa de prazos foi apontada, ontem, pelo vereador do Urbanismo, Gonçalo Gonçalves, após uma apresentação, patrocinada pela Junta de Freguesia de Nevogilde, das cinco propostas seleccionadas na primeira fase de concurso. Um dos arquitectos manifestou o incómodo por estar "a falar de uma coisa que já não é".

Não houve direito a perguntas e respostas na apresentação, que decorreu, ao final da tarde, na Fundação Cupertino de Miranda. E isto por "constrangimentos legais" decorrentes do próprio concurso público, conforme explicou Gonçalo Gonçalves. É que, após a selecção das cinco melhores propostas apresentadas a concurso (de um total de 12), está a dar-se início a um processo de negociação, entre o júri do concurso e os concorrentes. O mesmo é dizer que está a ser avaliada de que forma as propostas podem ser melhoradas, ultrapassando alguns aspectos menos positivos apontados em sede de concurso - e é daqui que vem o desabafo do arquitecto -, ao mesmo tempo que são discutidos prazos de execução e custo do projecto. Este processo deverá prolongar-se durante "as próximas semanas", segundo o vereador do Urbanismo, estimando que "até final de Fevereiro o júri tome uma decisão".

Por isso, aquilo que ontem foi apresentado a uma plateia de menos de cem interessados, na Fundação Cupertino de Miranda, já não será, exactamente, o que poderá vir a ser a Via Nun"Álvares. Mas, como as mudanças a introduzir "não poderão ser drásticas, uma vez que as linhas orientadoras não poderão ser alteradas", conforme destacou Gonçalo Gonçalves, já é possível imaginar a nova cidade que os cinco grupos de arquitectos querem ver nascer na freguesia liderada pelo social-democrata João Luís Rozeira.

Prédios, praças e jardins

Ao escolher as cinco propostas que passariam à fase seguinte do concurso, o júri atribuiu o primeiro lugar ao projecto de Paulo Silvestre. Ontem, por sorteio, ele foi o segundo a explicar em que é que pensa, quando pensa na Via Nun"Álvares e no território que a envolve. O arquitecto disse ter como elemento referencial a Avenida Marechal Gomes da Costa e foi a pensar nela que idealizou um perfil para a Nun"Álvares: com duas faixas de trânsito em cada sentido, ciclovia em ambos os sentidos, estacionamento ao longo de toda a artéria, uma placa central arborizada e passeios largos "raramente inferiores a 4,5 metros de largura", explicou.

Paulo Silvestre dividiu a avenida em três sectores, em termos urbanísticos, ficando os extremos com a maior concentração de edifícios (que podem chegar aos sete pisos), organizados, do lado da Avenida da Boavista, em quarteirões. Na zona central da via deverá nascer uma praça que incorpora a estação de metro. Os equipamentos que deverão surgir nesta nova zona da cidade ficam estrategicamente colocados junto às paragens de transportes públicos.

Além da Marechal Gomes da Costa, o arquitecto disse ter usado também a referência da Rua Diogo Botelho, para criar uma imagem urbana descontínua, com "bolsas" de ocupação com diferentes volumetrias.

A Marechal Gomes da Costa foi também o referencial dos arquitectos Carlos Prata-João Pedro Serôdio-Nuno Brandão Costa (4.º lugar), para o perfil da avenida (com uma placa central arborizada), que preferiram a zona do Foco como exemplo do modelo de construção envolvente. Defendendo que "uma cidade qualificada não tem de ser homogénea", Carlos Prata mostrou uma nova zona urbana que, no extremo mais próximo do Avenida da Boavista, apresenta prédios de habitação com extensos espaços verdes. O arquitecto disse que a Nun"Álvares foi, por este grupo, idealizada como "um prolongamento do Parque da Cidade até à Praça do Império". A construção prevista varia entre a unifamiliar e os prédios de habitação, com os equipamentos espalhados ao longo de toda a área.

António Marques (2.º classificado) também optou por dividir a via em três grandes áreas, com duas bolsas mais densamente construídas nos extremos e a zona central, entre as ruas do Castro e do Molhe, entendida como um espaço "de conectividade e transversalidade" com a restante malha viária. Para o extremo junto à Avenida da Boavista, o arquitecto idealizou edifícios até seis pisos, numa frente contínua e em quarteirão, podendo existir no outro extremo prédios que atingem os oito ou 12 pisos. Como nas restantes propostas há praças e pequenos lagos a pontuar o espaço urbano e, mais uma vez, a Marechal Gomes da Costa serviu de referência à via propriamente dita, com um separador central "generoso", nas palavras de António Marques.

Os projectos de João Álvaro Rocha (3.º classificado) e da GOP - Gabinete de Organização e Projectos, Lda-Rui Barros (5.º classificado) também são muito distintos. O primeiro, segundo o arquitecto, quis apostar mais "nos espaços vazios", tornando os edifícios ao longo da artéria "o mais anónimos possíveis". Já Rui Barros idealizou quarteirões, uma grande praça a atravessar a via sensivelmente a meio e um parque urbano junto à Praça do Império.

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