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PSD atira "estabilidade política" para "as mãos" do Governo e de José Sócrates

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Passos Coelho reuniu Comissão Política para analisar presidenciais daniel rocha

Direcção de Passos diz que quem quer "dispensar" o executivo socialista terá de esperar "serenamente" pelas próximas eleições

Nem as presidenciais eram para pôr em causa a estabilidade política nem estas eleições eram primárias para futuras legislativas. Na ressaca da vitória, à primeira volta, de Cavaco Silva nas eleições de domingo, o PSD reuniu ontem a sua Comissão Permanente, o núcleo duro de Pedro Passos Coelho. O partido de que o Presidente reeleito foi líder associou-se, "com regozijo", à vitória de Cavaco nas eleições que "fecham um ciclo político" e abrem outro. Ciclo em que "cabe ao PSD, como maior partido da oposição, construir uma alternativa de Governo".

Depois da Comissão Permanente e a meio da Comissão Política Nacional, Miguel Relvas, secretário-geral do PSD, remeteu as responsabilidades pela estabilidade política para o executivo. "Nas eleições presidenciais não estava em causa a estabilidade política. A estabilidade política está nas mãos do Governo", afirmou Relvas, em conferência de imprensa na sede nacional do partido.

No texto do comunicado da reunião afirma-se que nas eleições de domingo "não foram julgados" nem o Governo nem os partidos da oposição. "Quem entende que há responsáveis políticos que precisam de ser avaliados e, talvez até, dispensados, terá de aguardar serenamente por outros actos eleitorais."

Como cabe ao Governo a responsabilidade de "ser capaz e competente" para assegurar "os compromissos com o país e com o Parlamento". Daí que Miguel Relvas seja pouco entusiasta de o PSD deixar passar no Parlamento mais medidas de austeridade, depois de a bancada laranja ter viabilizado o Orçamento do Estado de 2010, através de abstenção, o segundo Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC) e as medidas adicionais propostas pelo executivo.

Farpas a Sócrates

Numa frase, José Sócrates e os seus ministros têm "os instrumentos necessários para enfrentar" e "poder afastar cenários delicados". Pelo meio, Relvas também atirou a Sócrates, que aconselhou a fazer "menos política", ser "menos secretário-geral do PS e mais primeiro-ministro". "Mais do que falar em instabilidade, um primeiro-ministro deve falar em soluções para os problemas com que os portugueses estão confrontados", aconselhou.

Mais um recado para o chefe do executivo, que governou o país com maioria absoluta de 2005 a 2009. "O grau de exigência que se pede a quem já é primeiro-ministro há cerca de seis anos é de que seja capaz de exercer o seu cargo com isenção, com capacidade, competência e distanciamento da vida política e dos conflitos da vida partidária", disse.

E depois dos "sacrifícios consecutivos" pedidos aos portugueses, no PEC e no Orçamento, é agora tempo "de ser o Estado a fazer sacrifícios" e a cortar nas despesas, repetiu o porta-voz do partido.

O porta-voz e secretário-geral do PSD respondeu ao lado a questões mais específicas, como as "condições extraordinárias" em que Pedro Passos Coelho admite uma crise política num futuro próximo - como afirmou na noite das eleições presidenciais. "Circunstâncias excepcionais são circunstâncias excepcionais", limitou-se a dizer, sem adiantar se esses cenários foram ou não analisados durante a reunião da direcção do partido.

Miguel Relvas pouco ou nada adiantou quanto à proposta de Cavaco Silva, feita no último dia de campanha eleitoral, relativamente a um imposto excepcional em vez dos cortes salariais na função pública. Era uma proposta que não estava "em debate" nas negociações com o Governo sobre o Orçamento do Estado deste ano e que os sociais-democratas viabilizaram, afirmou.

"O PSD avaliou tudo o que estava em causa no Orçamento de Estado", foi a resposta.

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