Menezes não quer verbas da Alta Velocidade transferidas para projecto do Metro do Porto

Autarca de Gaia discorda de Rui Rio. Diz que o projecto da Alta Velocidade é importante para o país e não quer misturar as coisas

Em contramão com Rui Rio (e com o coro que entretanto se juntou ao autarca do Porto), o presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, rejeitou ontem a pertinência de uma eventual transferência dos fundos comunitários destinados ao TGV para o projecto do Metro do Porto. "O TGV é o TGV, o metro é o metro, o aeroporto [de Lisboa] é o aeroporto. Isto não é uma salada de frutas. É preciso aproveitar a conjuntura de crise para pensar", defendeu o autarca durante uma visita às obras de expansão da Linha Amarela até Santo Ovídio.

"Não se deve confundir as coisas e embarcar num discurso populista que não faz o meu género", declarou Menezes aos jornalistas, criticando aqueles que passam muito rapidamente "do discurso espartano para o populismo". Rui Rio, do outro lado do Douro, sentado sobre o túnel daquela mesma linha do metropolitano, deve ter ficado com as orelhas a arder.

Em alternativa à "salada de frutas", Luís Filipe Menezes mostrou-se partidário de uma ponderação que permita estabelecer prioridades em cada um dos projectos. Defendeu o regresso do TGV à solução do "T deitado", que deixaria o Porto e Lisboa equidistantes em relação a Madrid. "É a solução mais justa e correcta e ainda há tempo para isso, até porque a nova travessia do Tejo onera muito o projecto", disse, defendendo, em todo o caso, a ligação de Portugal à rede ibérica de Alta Velocidade. "Portugal não pode ser a Albânia da Península e o TGV é um projecto muito importante para o desenvolvimento do país", considerou o autarca.

No que ao Metro do Porto diz respeito, Menezes afirmou que, também neste caso, a conjuntura de crise deverá permitir uma maior ponderação, dando prioridade às novas linhas que sejam capazes de captar mais passageiros e de contribuir mais decisivamente para a sustentabilidade do projecto. "Não é apropriado o discurso de que é preciso agora fazer tudo o que falta fazer do Metro do Porto, as circunstâncias não são apropriadas a isso", disse.

O autarca de Gaia defendeu ainda que deverá ser repensado o modelo institucional de gestão da Metro do Porto, devolvendo-a aos autarcas da região. O presidente do concelho de administração da empresa, Ricardo Fonseca, ouviu, mas, quando questionado pelos jornalistas, recusou a ideia de que a gestão esteja centralizada em Lisboa. "As autarquias estão representadas no concelho de administração e a quase totalidade das decisões têm sido tomadas por unanimidade."

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