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Cavaco conciliador com Sócrates e sem "apetite" para usar "bomba atómica" Presidenciais online

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Sócrates e Alegre em Águeda adriano miranda

José Sócrates baixou o tom. Um Presidente não deve falar em crises políticas. Alegre fala em "habilidade táctica". Passos Coelho confia que Presidente decidirá sempre "em consciência"

Outra vez a crise política. Há uma semana, admitiu uma crise em 2011. Ontem, Cavaco Silva confessou o seu "pouco apetite" para usar a "bomba atómica" - a dissolução da Assembleia da República. E lembrou que é a favor da estabilidade, no dia em que José Sócrates voltou à campanha de Manuel Alegre. Em Viseu, onde voltou à campanha presidencial de Cavaco Silva, para uma arruada animada, Pedro Passos Coelho, líder do PSD, desdramatiza os efeitos da frase no eleitorado, mas admite que as "circunstâncias" levem Cavaco, se for reeleito, a tomar uma decisão.

Passos não quer entrar "em cenários" nem aceita que as presidenciais sejam "umas primárias para as futuras legislativas". Já disse que o PSD só quer poder com eleições. Confia, porém, na decisão de Cavaco: "Tenho a certeza que o Presidente fará aquilo que, em consciência, deverá fazer perante as circunstâncias que ocorrerem". E as circunstâncias são muitas: o PS está em minoria, a "ameaça" da entrada do FMI, há um orçamento para aprovar...

Num dia dedicado a Viseu, o "Cavaquistão", Cavaco foi questionado sobre os poderes presidenciais e a impossibilidade de dissolver o Parlamento, a chamada "bomba atómica", nos últimos seis meses de mandato. No final de 2010, essa questão colocou-se perante os cenários de crise com o Orçamento de 2010. "Só a partir do dia 9 de Março [data da posse] é que os presidentes reganham a possibilidade de utilizar essa bomba atómica. E eu tenho pouco apetite pa- ra a utilizar". E ele é "um defensor da estabilidade política".

Gestão? Nem pensar

Governos de gestão, nem pensar. "O país não aguenta um Governo de gestão. A situação financeira é demasiado complicada e a situação económica muito difícil", afirmou em Lamego, antes de uma arruada em Viseu na Rua Formosa, uma tradição de qualquer campanha. Foi animada, mas longe da enchente. Para a noite, a candidatura anunciava o maior jantar da campanha - 3500 pessoas.

Se Manuel Alegre resumiu a frase de Cavaco de uma "habilidade táctica", os recados de José Sócrates para Cavaco Silva continuaram ontem em Águeda, num jantar-comício que reuniu mais de mil apoiantes. Embora tenha atenuado o tom dos avisos feitos em Castelo Branco - quando reforçou a necessidade de uma "cooperação institucional" entre os órgãos de soberania -, o primeiro-ministro respondeu quase directamente à ameaça de crise política feita por Cavaco ao afirmar: "Precisamos de um Presidente da República que fale de confiança e não de descrença, que fale de estabilidade política e não de crises políticas, que promova a unidade e a coesão dos portugueses."

Sublinhou ainda que o país precisa de um Presidente "que puxe pela vontade colectiva e não pelo medo do futuro" e que seja "um promotor da unidade nacional". Porque, sustentou, "nunca como agora foram tão importantes as palavras estabilidade política, responsabilidade e confiança". E, numa variação do aviso do ministro Santos Silva, que, há poucos dias, avisou que o futuro chefe de Estado "não deve meter-se onde não é chamado", acrescentou: "Que fale também nos poderes e responsabilidades do Presidente e menos dos poderes dos outros."

Na sua breve intervenção, e manifestando-se surpreendido com a multidão que lotou a sala da Quinta do Regote ("é um bom augúrio"), o líder do PS falou nas campanhas eleitorais como "a celebração da democracia", notando que "é dever de todos os políticos empenharem-se nas campanhas fazendo as suas escolhas".

Só depois falou em Alegre e nesta "recta final de campanha", apelando a que "todos se empenhem nela, todos façam as suas escolhas e todos votem". "É isso que vos peço a todos: empenhamento na campanha de Manuel Alegre", afirmou, explicando que "o voto em Manuel Alegre é o voto em Portugal". A análise de Miguel Gaspar do dia de campanha. As fotos e as acções de campanha. Os perfis dos candidatos em http://publico.pt/Presidenciais2011/

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