Autarquia desculpa-se por futura construção na Boavista

É em tom de desculpa que a Câmara do Porto anuncia a construção de um novo empreendimento, na zona da Boavista. "Será uma mancha urbanística que, como outros, já não é hoje possível evitar", diz o município num artigo publicado na edição de Janeiro da revista municipal Porto Sempre.

Em causa está a construção de seis edifícios, incluindo duas torres com 20 e 16 pisos acima do solo, projectadas para um terreno no nó de Ciríaco Cardoso, junto à Avenida da Boavista. Segundo a revista da autarquia, a construção deste empreendimento resulta de um protocolo, aprovado por unanimidade, em 1994 - durante a presidência do socialista Fernando Gomes -, segundo o qual era concedida capacidade construtiva ao proprietário do terreno em troca da cedência de uma parcela necessária para a construção da Via de Cintura Interna (VCI).

Ainda de acordo com o mesmo artigo, o processo iniciara-se em 1991, já com Gomes na presidência da câmara, tendo sido despachado favoravelmente em Julho de 1993, pelo vereador do Urbanismo e Reabilitação Urbana da altura. A aprovação unânime do protocolo referido ocorreria a 3 de Fevereiro do ano seguinte.

Agora, a autarquia refere que esta aprovação "limita, assim, de modo substancial, o espaço de manobra a quem, nos dias de hoje, tem a responsabilidade e o dever de fazer cumprir o actual PDM [Plano Director Municipal]". A solução possível, segundo o mesmo artigo, é tentar "mitigar os efeitos urbanísticos negativos causados pela futura construção" do empreendimento. Algo em que a câmara "está neste momento a trabalhar", garante o mesmo texto.

O terreno em causa fica em frente à Rua do Beato Inácio de Azevedo, e na proximidade do edifício Burgo e do empreendimento Passeio da Boavista, cuja volumetria foi diminuída após ter causado polémica na cidade, também na década de noventa.

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