Organização das corridas assumida pelo município

Foto
Organização do Circuito da Boavista será conduzida pelo município ADRIANO MIRANDA

Porto Lazer toma o volante na preparação do evento. Rio diz que seria "um erro, para não dizer uma estupidez", interromper circuito

Não há mais margem para dúvidas: a realização do Circuito da Boavista (CB) em 2011 é uma opção política do presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, que considera mesmo "um erro, para não dizer uma estupidez", interromper o carácter bienal das corridas de automóveis, por causa da crise. As declarações do autarca foram proferidas, ontem, na reunião do executivo, quando se ficou também a saber que, pela primeira vez, será a empresa municipal Porto Lazer a assumir a organização do evento.

Este ano, a Porto Lazer optara por lançar um concurso público para encontrar o parceiro privado que ficaria responsável pela "organização, divulgação, animação, realização e exploração" do CB do próximo ano. Só que o concurso lançado em Maio "ficou deserto", informou, ontem, Duarte Araújo, do conselho de administração da empresa.

Segundo Araújo, o facto de ninguém querer assumir o CB "foi visto como uma grande oportunidade" pela Porto Lazer. "Tendo [a empresa] adquirido ao longo dos anos um conhecimento importante, vimos a oportunidade de autonomamente organizarmos o circuito", disse.

A concretização do CB, orçado em 700 mil euros, mereceu as críticas do vereador da CDU, Rui Sá, que perguntou a Rio "qual o prejuízo" estimado para esta edição, já que na última, em 2009, este "rondara os 700 e tal mil euros". Sá acusou: "No início do seu primeiro mandato, o senhor disse que não conseguia investir um euro na cultura enquanto houvesse pessoas a dormir como via. Para a cultura não dá, para as corridas sim." Rui Rio reagiu às acusações de Sá, afirmando que aquilo a que este chamava "prejuízos" mais não eram do que "custos razoáveis para a realização de um evento desta grandeza". O autarca assumiu que o CB "é uma opção estratégica" e que "a gestão razoavelmente equilibrada" das finanças da câmara permite a sua realização. "Seria um erro, para não dizer uma estupidez, que a câmara, este ano, não fizesse o Circuito da Boavista", defendeu.

O vereador Vladimiro Feliz, líder da Porto Lazer, também defendeu a realização do evento, garantindo que a permanência na cidade "dos carros do WTCC", durante quatro dias, permite lucros de "quatro milhões de euros" e que, se a câmara tivesse de pagar "uma campanha de media", como a do CB, "pagaria dez milhões de euros". Pelas contas de Feliz, o CB dá lucros de, pelo menos, "14 milhões". "Parece excelente para um investimento de apenas 700 mil euros", conclui.

O ataque de Sá ao CB fez-se sentir também no momento de aprovação das cinco propostas que devem, agora, procurar a melhor solução para que se concretize a Via Nun"Álvares. O comunista disse que a maior parte delas não aponta uma solução para o remate com a Avenida da Boavista, no troço poente, que deverá entrar em obras em 2010. A CDU já acusara Rio de fazer estas obras por causa do CB e, ontem, Sá reiterou a tese, afirmando que, se assim não fosse, e dada a condicionante da Via Nun"Álvares, a reabilitação da Boavista deveria começar na Casa da Música. "Vamos gastar 800 mil euros em obras e depois é que vemos como se faz a ligação", disse.

Na análise dos instrumentos de gestão previsional da Porto Lazer foi ainda questionado o atraso nos projectos para o Pavilhão Rosa Mota e o tipo de intervenção que será feita no Queimódromo. Sobre o primeiro, Vladimiro Feliz prometeu "boas notícias" para o primeiro trimestre de 2011, quanto ao Queimódromo disse apenas que este "terá uma utilização cada vez mais intensiva" (ver texto ao lado).

Ontem ainda, PS e CDU procuraram obter esclarecimentos sobre o projecto pensado para junto da Ponte da Arrábida, e que levou um conjunto de cidadãos a pedir a classificação da ponte como monumento nacional com área de protecção. Rio argumentou que "não havia tempo" para responder, já que o processo remonta ao tempo de Nuno Cardoso. Correia Fernandes, pelo PS, instou o autarca a "pôr em prática um plano de cérceas das margens do rio Douro, já aprovado". O arquitecto diz que só assim será possível "ter algo absolutamente seguro do ponto de vista da protecção, do Freixo até à Foz".

Sugerir correcção