Ruínas do Clérigos Shopping vão dar lugar a um "centro de conveniência urbano"

Trabalhos de construção deverão arrancar no início de Janeiro, prolongando-se por sete meses. Se tudo correr bem, o novo edifício da Praça de Lisboa fica pronto no próximo Verão

Já há solução para o espaço da Praça de Lisboa, concessionado pela Câmara do Porto a um consórcio liderado pela Bragaparques. Gorado que foi o projecto para instalar ali uma grande livraria, o triângulo onde existiu um mercado ao ar livre e, depois, o Clérigos Shopping, no centro do Porto, deverá dar lugar a um "centro de conveniência urbano", adiantou ao PÚBLICO o arquitecto Pedro Balonas, autor do desenho do edifício ondulado que vai ocupar o espaço da praça.

Para além do chamado Pólo Zero da Universidade do Porto, previsto desde o início do projecto como espaço de apoio aos estudantes da cidade, o futuro equipamento contará com um conjunto de espaços comerciais "muito qualificados" e com horários alargados. "A ideia é que possa haver bons restaurantes, adaptados à procura que aquela parte da cidade tem, uma boa tabacaria, um bom cabeleireiro e outras lojas deste tipo", adiantou Pedro Balonas.

De acordo com o arquitecto, a nova configuração do espaço tem sido bem acolhida pelo mercado, existindo uma grande procura para a sua ocupação. "Já há muitos candidatos para as lojas", adiantou Balonas, admitindo que o grande dinamismo que esta parte da cidade tem vivido nos últimos três anos pode ter sido decisivo para o interesse que o projecto tem suscitado.

A Praça de Lisboa situa-se em pleno coração da zona de animação nocturna que actualmente se prolonga do Jardim da Cordoaria até à Praça de D. Filipa de Lencastre, paredes-meias, também, com alguns dos principais ícones turísticos da cidade, como a Torre dos Clérigos, a Livraria Lello e o Centro Português de Fotografia/Cadeia da Relação. O crescente protagonismo desta zona conseguiu já ressuscitar espaços que estavam quase completamente devolutos, como as antigas Galerias Lumière.

Segundo Pedro Balonas, a demolição da antiga estrutura que existia na praça está praticamente concluída, prevendo-se que as obras de construção possam avançar no início de Janeiro, com a intervenção no parque de estacionamento subterrâneo. A construção deverá prolongar-se por cerca de sete meses, para ficar concluída durante o Verão. "É uma obra relativamente simples", disse o arquitecto.

A Praça de Lisboa desenhada por Pedro Balonas será uma estrutura fechada, em vidro e betão, com uma cobertura ondulante. O projecto sofreu, desde o início, algumas alterações propostas pelo Igespar: a ondulação inicialmente prevista tornou-se menos pronunciada, desapareceu um restaurante exterior a uma cota mais elevada e aumentou a área da cobertura, que ficará parcialmente oculta por relva e árvores. O projecto está orçado em seis milhões de euros.

Após o falhanço do projecto do Clérigos Shopping, a Câmara do Porto lançou, em 2006, um concurso para a concessão da Praça de Lisboa por 50 anos, tendo o consórcio UrbaClérigos sido o único a apresentar-se como interessado. Nessa altura, chegou a ser anunciado que a obra poderia estar concluída em meados de 2009, mas o processo conheceu, entretanto, vários reveses, nomeadamente a falência da livraria Byblos.

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