Vargas Llosa: “Seríamos piores do que somos sem os bons livros que lemos”

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Llosa discursou na Academia sueca de Estocolmo Henrik Montgomery-Scanpix Sweden/Reuters

A leitura convertia o sonho em vida e a vida em sonho, afirmou o autor de “O Sonho do Celta” (ed. Quetzal), e punha o universo da literatura ao alcance da amostra de gente que ele então era. “Quase 70 anos depois recordo com nitidez como essa magia, traduzir as palavras dos livros em imagens, enriqueceu a minha vida, rompendo as barreiras do tempo e do espaço e permitindo-me viajar com o Capitão Nemo vinte mil léguas de viagem submarina, lutar com d’Artagnan, Athos, Portos e Aramis contra as intrigas que ameaçam a Rainha nos tempos do sinuoso Richelieu, ou arrastar-me pelas entranhas de Paris, convertido em Jean Valjean, com o corpo inerte de Marius às costas”, acrescentou.

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A leitura convertia o sonho em vida e a vida em sonho, afirmou o autor de “O Sonho do Celta” (ed. Quetzal), e punha o universo da literatura ao alcance da amostra de gente que ele então era. “Quase 70 anos depois recordo com nitidez como essa magia, traduzir as palavras dos livros em imagens, enriqueceu a minha vida, rompendo as barreiras do tempo e do espaço e permitindo-me viajar com o Capitão Nemo vinte mil léguas de viagem submarina, lutar com d’Artagnan, Athos, Portos e Aramis contra as intrigas que ameaçam a Rainha nos tempos do sinuoso Richelieu, ou arrastar-me pelas entranhas de Paris, convertido em Jean Valjean, com o corpo inerte de Marius às costas”, acrescentou.

“Seríamos piores do que somos sem os bons livros que lemos, mais conformistas, menos insubmissos e o espírito crítico, motor do progresso, nem sequer existiria”. Para o Prémio Nobel da Literatura 2010 “ler é protestar pelas insuficiências da vida”.

Vargas Llosa falou também de nacionalismos (que criticou, “praga incurável do mundo moderno”), de Espanha e do Peru, de ditaduras (que devem ser combatidas “sem contemplações, por todos os meios ao nosso alcance, incluindo as sanções económicas”) e de terrorismo, das suas posições políticas, das cidades onde viveu e também lembrou a família e os amigos. E, claro, de Patrícia – a sua mulher desde há 45 anos: “Ela faz tudo e faz tudo bem. Defende o meu tempo. Faz e desfaz as malas. É tão generosa que quando julga que me critica faz-me o maior dos elogios: ‘Mario, a única coisa para que serves é para escrever’”.

Contam as agências e jornais espanhóis que o Nobel da Literatura se emocionou enquanto lia o seu discurso, a que chamou “Elogio da leitura e da ficção”, o acto mais importante antes da entrega da medalha na sexta-feira em Estocolmo.