Mercado do Bom Sucesso encravado por "constrangimentos económicos"

Já passaram mais de dois anos desde que a Câmara do Porto aprovou a entrega da reabilitação e exploração do Mercado do Bom Sucesso à empresa bracarense Eusébios & Filhos, S.A., mas, até à data, as duas partes não assinaram sequer o contrato de transferência do direito de superfície do espaço. Os comerciantes temem que o processo se arraste de forma incomportável.

Com a passagem dos meses e a resposta, sempre igual da autarquia, de que a assinatura do contrato estaria para "breve", a incerteza dos comerciantes acentua-se. "Tivemos conhecimento, esta semana, de que no mercado corria o rumor de que a Eusébios ia desistir do processo e entregar a sua participação a uma outra empresa", diz Fernando Sá, da Associação de Feiras e Mercados da Região Norte. O PÚBLICO tentou, sem sucesso, ouvir a Eusébios, mas a Câmara do Porto não confirma qualquer mudança na adjudicação.

Em resposta escrita, o vereador Manuel Sampaio Pimentel volta a insistir em desenvolvimentos para breve, assentes em "fundadas expectativas", e responsabiliza a crise e o "projecto extraordinariamente complexo" pelos atrasos. "Este factor [o projecto] e, fundamentalmente, os constrangimentos económico-financeiros que o nosso país atravessa dificultam a vida dos investidores, pelo que a CMP compreende que o prazo inicialmente previsto para a conclusão administrativa do processo tivesse de ser prolongado", refere.

Fernando Sá diz que os comerciantes "não podem continuar no impasse actual" e lamenta que o vereador "não tenha respondido" ao pedido de reunião feito há cerca de duas semanas. "Está na altura de a câmara assumir responsabilidades e resolver o problema", defende. Para o representante dos vendedores, a solução poderia até passar pela "entrega do mercado aos próprios comerciantes". O que não quer "é que o Bom Sucesso se transforme noutro Bolhão", diz, aludindo ao outro mercado que, há anos, aguarda reabilitação.

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