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Ala conservadora do CDS rejeita apoio a Cavaco Silva e apela ao voto em branco

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Apoiantes de Ribeiro e Castro apelam ao voto em branco

Ex-conselheiro nacional Miguel Mattos Chaves é rosto de campanha contra voto no actual Presidente

O apoio institucional do CDS-PP à recandidatura do actual Presidente da República, Cavaco Silva, nunca foi uma questão pacífica para a ala mais conservadora do partido, que ameaça agora fazer campanha pelo voto em branco nas próximas presidenciais. O ex-conselheiro nacional Miguel Mattos Chaves, que em Outubro de 2009 se demitiu da direcção de Paulo Portas quando "o apoio a Cavaco Silva começou a ser falado nos corredores do partido", é o rosto desta iniciativa que começa a fazer o seu caminho.

Assumindo-se como um "institucionalista e conservador", Miguel Mattos Chaves, que integrou o grupo de militantes que se bateu pelo aparecimento de uma candidatura de direita alternativa a Cavaco, protagonizada por José Ribeiro e Castro, declara que não concorda com a decisão, porque tem memória política. "Não esqueço os ataques e tudo o que ele [Cavaco Silva] tem feito para desarmar e aniquilar o CDS ao longo dos anos". Acusa o actual chefe de Estado de "ter hipotecado o futuro de Portugal" e promete: "Sobre isso irei falar a partir de agora com factos". Lamenta que "a direita, mais uma vez, cobardemente", não tenha tomado a iniciativa de apresentar uma alternativa a Cavaco. "Farei campanha activa pelo voto em branco", afirma. E aproveita para censurar a direcção do partido por ter "enveredado pelo recolher eventuais benefícios do PSD e de Cavaco Silva (que não os darão, mais uma vez, a não ser que a isso sejam obrigados), que se consubstanciarão nuns lugares de ministros e de secretários de Estado".

Ao PÚBLICO, o ex-dirigente garante que não está sozinho e revela que o feedback que tem tido o surpreendeu. "Tenho recebido e-mails de todo o país", refere. Mas sobre a possibilidade de vir a lançar um movimento de direita que congregue democratas-cristãos e conservadores que não concordam com a decisão do partido, diz não ter certezas.

Contacto pelo PÚBLICO, o secretário-geral do CDS, José Lino Ramos, desvaloriza a campanha pelo voto em branco e declara que "em todos os partidos há pessoas que pensam de maneira diferente. É uma forma democrática de estar na vida". E sublinha que o CDS decidiu o seu apoio a Cavaco Silva de forma esmagadora dentro dos órgãos adequados. "Para nós, o assunto está encerrado", diz.

Já o conselheiro nacional Pedro Melo, uma das vozes contra o apoio a Cavaco, considera a iniciativa extemporânea. "Os militantes devem acompanhar a linha oficial do partido, não devendo fazer campanha contra a decisão do Conselho Nacional", defende.

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