Quem deixar a LX Factory não será compensado

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Uma residente critica o atraso das obras nos telhados Foto: Pedro Cunha

O destino do espaço onde funcionam ateliers, associações e espaços comerciais depende do Plano de Urbanização de Alcântara, aprovado em Julho mas ainda sem data para entrar em vigor.

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O destino do espaço onde funcionam ateliers, associações e espaços comerciais depende do Plano de Urbanização de Alcântara, aprovado em Julho mas ainda sem data para entrar em vigor.

Foi por causa dos atrasos na conclusão do plano que a LX Factory foi criada, em 2007. A ideia era "rentabilizar o investimento feito com a aquisição do imóvel", recorrendo ao arrendamento "enquanto não lhe é permitido e acessível (à Catumbel) avançar com o projecto urbanístico", lê-se num contrato citado pela Lusa.

Dada a indefinição em relação ao futuro das instalações, os contratos duram só cinco anos. Mas não é disso que se queixam os residentes. Estes contestam o facto de não serem ressarcidos do montante que investiram em obras ou instalações eléctricas, caso tenham de sair. A advogada diz que a eventual retribuição será feita, mais por "interesse da Lx Factory", a utilizadores que fizeram "investimentos muitíssimo avultados" e só se a saída ocorrer "muito antes do que as pessoas esperariam".

Os residentes criticam também as subidas nos preços do arrendamento, as diferenças no IVA e a "arrogância" dos responsáveis da empresa. Uma das empresárias ali instaladas está preocupada com o atraso nas obras nos telhados, da obrigação da Catumbel. "Nos contratos não está bem definido que obras lhes competem nem são estabelecidos prazos para a sua realização, por isso eles fazem o que querem", denuncia outra artista estabelecida na antiga fábrica.

A saída recente da gráfica Mirandela, antiga proprietária do espaço, faz temer novos problemas. A gráfica assumiu até aqui o pagamento da conta da electricidade. Agora, esse valor vai ser acrescentado à factura mensal de cada arrendatário. "Como artistas, não temos um salário fixo. O dinheiro mal chega para pagar a renda, quanto mais a luz", desabafa a residente contactada pelo PÚBLICO.

Ainda assim, a empresária admite que o espaço é "acessível" e "aliciante", por funcionar como "núcleo onde há trocas de ideias e de trabalhos". com Lusa