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Manifesto socialista pró-RTP pública alerta para perigo dos estrangeiros

A intenção dos socialistas é atacar em todas as frentes: o ex-secretário de Estado Arons de Carvalho vai trabalhar no apoio dos académicos e profissionais da área dos media, o deputado Marcos Sá faz a integração de nomes das várias famílias políticas e a deputada Inês de Medeiros fica encarregada de envolver os agentes da cultura. Esta é a task force socialista para fazer do manifesto "em defesa do serviço público de rádio e de televisão" uma prova de fogo à alegada intenção do PSD de privatizar a RTP e a RDP.

O texto ficou pronto há dois dias e a recolha de assinaturas começou ontem, já incluindo nomes como Carlos Pinto Coelho, Cesário Borga, Rui Dias José (jornalistas), José Manuel Mendes e Sebastião Lima Rego (antigos membros da Alta-Autoridade para a Comunicação Social), José Manuel Nunes (ex-presidente da RDP), Clara Alvarez (antiga directora de programas da RTP2), José Mário Costa (coordenador do site Ciberdúvidas) e José Rebelo (membro do Conselho de Opinião da RTP).

O deputado socialista Marcos Sá, promotor do manifesto, disse ao PÚBLICO prever ter em breve nomes políticos na lista visto que o assunto "será discutido nos próximos dias em vários grupos parlamentares".

Para os socialistas, o projecto de revisão constitucional do PSD abre a porta à privatização da RTP ou pelo menos "à concessão de alguns dos seus canais e serviços ao sector privado". Por isso, avisam que a proposta teria "graves consequências para a diversidade, o pluralismo e a qualidade da oferta de rádio e de televisão, lesaria o desenvolvimento da indústria audiovisual", para além de ser "uma absurda excepção no panorama europeu". E lembram que há uma grande contradição com aquilo que o próprio PSD fez há poucos anos: foi pela mão do ministro Nuno Morais Sarmento que se iniciou uma profunda reestruturação do modelo português de serviço público em 2003.

A privatização, dizem os socialistas, provocaria a "homogeneização da programação" - afectando o pluralismo e a diversidade -, a "submissão aos ditames do mercado publicitário ou a própria extinção dos canais e conteúdos" para públicos minoritários. A que se soma a distorção do mercado publicitário, que é já de si pequeno para tantos operadores. Pior: uma privatização "permitiria que a RTP pudesse vir a ter capitais maioritária ou totalmente estrangeiros", avisa o manifesto, lembrando que em alguns países do Leste o operador público é o único com capitais nacionais. Rejeitando a especulação por causa dos custos da RTP e RDP, os socialistas dizem também que é preciso "um redobrado esforço" para ter um serviço público com "qualidade, inovação e valor social", e informação com "rigor e independência".

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