Torne-se perito

Conteúdos online devem melhorar para serem pagos

O jornalismo online deve ser pago ou não? O PÚBLICO convidou oito académicos, bloggers, políticos e colunistas a responderem a esta pergunta que voltou à ordem do dia, sobretudo depois de o magnata de comunicação australiano Rupert Murdoch ter fechado a assinantes a página do diário inglês The Times.

A experiência de fazer dos conteúdos online uma informação pela qual os leitores têm de pagar já foi tentada pelo PÚBLICO, que teve a sua edição impressa online apenas acessível a subscritores pagantes. "Ao fim de 19 meses, tal como aconteceu com muitos outros jornais, viu-se forçado a reabrir, constatando que perdera audiência e que as receitas tinham sido insuficientes", refere Fernando Zamith, professor da Universidade do Porto e fundador do Observatório de Ciberjornalismo.

O fracasso dos jornais na tentativa de cobrarem pelo conteúdo das suas páginas na Internet é explicado por João Canavilhas, professor da Universidade da Beira Interior: "O público não gosta de pagar por algo que começou por ser gratuito".

De acordo com muitos dos participantes convidados pelo PÚBLICO, para ser cobrado, o jornalismo online pago tem de oferecer melhores conteúdos.

"Enquanto existirem conteúdos e serviços informativos de carácter gratuito e de qualidade equivalente aos mediáticos", os media terão "de pensar como vão melhorar a qualidade da sua oferta para poderem competir", afirma José Luís Orihuela, professor da Universidade de Navarra e autor do blogue eCuaderno.

"E, enquanto essa qualidade online não acontecer, tenham juízo", diz António Granado. Para o jornalista e professor da Universidade Nova de Lisboa, "começar a cobrar pelos fracos conteúdos multimédia que se produzem seria como dar um tiro na cabeça depois de ter tomado 605 Forte".

Já Gustavo Cardoso, professor da Universidade Nova, acredita que o futuro dos jornais passa por conseguir criar proximidade com as audiências.

Mas outros há que encaram o futuro de forma diferente. Para José Magalhães, secretário de Estado da Justiça, "a mais-valia dos produtos que cobiçamos fará o clic". Magalhães fala nas "novas formas de micropagamento, "scuts digitais"".

Marcelo Rebelo de Sousa acredita que, devido à crise económica, o futuro do jornalismo online passa pelo pagamento. E aponta como solução "a canalização da publicidade para o online". Já Helena Matos, ensaísta, não encara a publicidade como solução. "A publicidade no online é um problema: rouba rapidez e é intrusiva. Pior, rouba tempo. No online, isso não se perdoa".

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