Torne-se perito

Seis dezenas de dadoras de leite materno alimentaram cerca de 60 prematuros

Primeiro banco de leite humano está na MAC e vai começar a abastecer outros hospitais da Grande Lisboa

O bebé mais prematuro a ser alimentado por leite materno doado nasceu no Natal e continua internado na Maternidade de Alfredo da Costa (MAC), em Lisboa - instituição onde está instalado o único banco de leite humano do país. O menino nasceu com 23 semanas e três dias e está prestes a ter alta. Desde o início do funcionamento do banco, em Agosto, houve 60 dadoras que contribuíram para a alimentação de cerca de 60 prematuros. O leite deverá chegar este mês a crianças de outros hospitais da Grande Lisboa.

"Os grandes clientes" estão em duas unidades da MAC: na unidade de Cuidados Intensivos, onde estão bebés minúsculos (na maioria com menos de 32 semanas e abaixo dos 1,5 quilos) dentro de incubadoras. Ali, além de muitas vezes precisarem de ser ventilados, recebem, através de uma sonda introduzida no nariz ou na boca, pequenas quantidades de leite materno que servem apenas para estimular os intestinos e impedir a sua atrofia. Na unidade de Cuidados Intermédios, o leite serve para os bebés ganharem peso. O limite máximo para as crianças receberem leite é 36 semanas, explica o coordenador do banco, o pediatra Israel Macedo.

Os cerca de 30 litros de leite materno administrados mensalmente a prematuros (de cerca de 60 litros recebidos) são recolhidos na casa de mulheres que foram mães há pouco tempo e têm leite a mais. As mulheres tornam-se dadoras depois de sujeitas a exames para garantir que são saudáveis e o seu leite está em boas condições. Depois de amamentarem os seus filhos, com uma bomba retiram o excedente e congelam-no em recipientes apropriados. Após isso, há uma empresa que recolhe e leva o leite para a MAC, onde é congelado e pasteurizado. Validade: seis meses.

O leite materno aumenta a probabilidade de um bebé prematuro ou doente recuperar e ser mais saudável durante a infância, evitando infecções intestinais e do sangue. Apesar de a produção de leite ser possível desde cedo na gravidez, "a ansiedade" de terem bebés prematuros e com problemas de saúde faz com que, muitas vezes, as mães deixem de conseguir ter leite, informa o pediatra.

Contas feitas, o funcionamento do banco de Novembro a Março reduziu de 20 a 25 por cento o uso de leite artificial junto da população de prematuros e até aumentar em 20 por cento o número de mães que acabam por conseguir produzir o seu próprio leite, explica Israel Macedo. A oferta de dadoras - neste momento, há 35 mulheres activamente a doar leite - é variável, mas o coordenador informa que produzem o suficiente para começar a dar leite a prematuros de outras unidades. Contactados cinco hospitais da Grande Lisboa com unidades de Neonatologia (Garcia de Orta, em Almada, Santa Maria, Estefânia e São Francisco de Xavier, em Lisboa, e Amadora-Sintra), já este mês deve começar a transferência de leite para o Amadora-Sintra.

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