Presidente da Câmara do Cartaxo detido por posse ilegal de arma e investigado por suspeitas de corrupção

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Paulo Caldas já foi ouvido

O presidente da Câmara Municipal do Cartaxo, Paulo Simões Caldas, foi detido ontem à tarde pela Polícia Judiciária por posse ilegal de arma. A autarquia e a residência de Paulo Caldas foram alvo de buscas da Polícia Judiciária (PJ), estando o autarca a ser investigado por suspeitas do crime de corrupção, revelou à Lusa fonte ligada ao processo.

A mesma fonte confirmou que Paulo Caldas foi detido por posse ilegal de arma, mas esclareceu que as buscas relacionam-se com suspeitas da prática do crime de corrupção. Fonte ligada à família do autarca do PS disse à Lusa que Paulo Caldas regressou a casa depois de ter sido ouvido por um juiz. Outra fonte igualmente citada pela Lusa, mas não identificada, explicou que a arma apreendida é uma arma de herança familiar, de calibre 6.35 e da qual não há documento que comprove a sua origem.

Horas mais tarde, o autarca detido manifestou-se disponível para prestar "toda a colaboração" às autoridades na investigação em curso, dizendo que é o "principal interessado" na sua conclusão.

O vice-presidente da autarquia confirmou, por seu lado, a realização de buscas da Judiciária nos gabinetes e nas residências do presidente da autarquia e dos vereadores do mandato anterior. Paulo Varanda disse que uma dezena de elementos da PJ estiveram de manhã, cerca de hora e meia, no interior da sede da câmara, tendo sido acompanhados pelo presidente, Paulo Caldas, que diligenciou no sentido de serem facultados todos os documentos solicitados, incluindo em formato digital.

Numa nota enviada à Lusa pelo seu advogado, Rui Patrício, o autarca sublinhou que as buscas "são meios legais de investigação" para "apurar se suspeitas que possam existir - e cujas fontes e causas podem ser as mais variadas - se confirmam ou não". Paulo Caldas realçou ainda que não deixará de exercer a sua defesa com tranquilidade e firmeza, "não aceitando que se façam a partir destas buscas quaisquer extrapolações ou se tirem quaisquer conclusões abusivas, precipitadas, levianas ou maldosas". O autarca diz ainda não querer prestar mais declarações públicas, "para não alimentar o ruído".

O vice-presidente da câmara, por seu lado, disse desconhecer o teor das buscas, não confirmando qualquer ligação a alegado financiamento partidário. Segundo disse, antes das buscas nos gabinetes, a PJ esteve nas residências tanto de Paulo Caldas como dos ex-vereadores Francisco Casimiro, Rute Ouro e Pedro Ribeiro, "todos eles relacionados com processos de obras, públicas e particulares".

"Não temos concretamente a causa que originou esta diligência, não há um relacionar com esta ou aquela obra. Foi investigada toda a documentação, todos os elementos que fazem parte de procedimentos relacionados com obras, não com uma em concreto", disse, adiantando que "nada foi levado" pelos inspectores da PJ. Disse ainda desconhecer se houve alguma empresa igualmente alvo de buscas.

Em Fevereiro de 2009, numa outra investigação da PJ, Paulo Caldas foi constituído arguido num processo relacionado com obras ilegais nos terrenos da Casa das Peles. ?PÚBLICO/Lusa

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