O restaurador improvávelUm polivalente com tracção às quatro

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Não é propriamente por carros que Nuno Melo, o eurodeputado do CDS, se considera um apaixonado. É, essencialmente, pelo restauro de automóveis. "Compro-os muito baratos e eu próprio os restauro", conta. É uma espécie de hobbie, que vai enchendo a garagem pessoal com "alguns" automóveis ("uns sete", deixa escapar), e que Nuno Melo encara como "um gosto e um investimento".

Nuno Melo não aprecia particularmente carros modernos: "Sou pouco dado às inovações nesse campo", confessa. Por isso, quando a conversa se faz à volta de automóveis modernos, o que verdadeiramente interessa é a "segurança" que eles proporcionam.

Mas se o eurodeputado se declara "pouco exigente" no que toca a carros modernos, o mesmo não se pode dizer em relação aos clássicos. "Não gosto de carros antigos por serem antigos, têm que me dar prazer de conduzir", começa. E, na lista das características que devem levar um visto, há mais duas essenciais: "A história que carregam e o design".

Eleger um carro de sonho é tarefa demasiado complexa - "Há tantos carros que gostaria de ter" - e, por isso, partimos para o automóvel que mais marcou a vida do político. Paramos no primeiro carro de Nuno Melo - um Citroën Visa II Club. "Foi um carro partilhado por todos os meus irmãos e que mais tarde acabou por ficar para mim", recorda. O automóvel dos primeiros quilómetros ao volante, o dos "tempos de faculdade", de "muitas viagens com amigos". Foi por tudo isto que Nuno Melo tentou localizá-lo há pouco tempo atrás: "Investiguei para tentar saber onde estava para tentar comprá-lo, mas não consegui. Provavelmente já não existe", lamenta.

A viver entre Portugal e Bruxelas, a vida de Nuno Melo faz-se também entre os transportes públicos belgas e o automóvel particular (o do dia-a-dia é um Audi A4, de 1995). Conduzir é um prazer, um momento para desfrutar (não se deixa dominar pelo stress do trânsito), mas há momentos em que o lugar do passageiro se torna mais apetecível. "Em tempos de campanha, por exemplo, ser conduzido não é um luxo, é uma necessidade". Mariana PintoNão é uma berlina. Não é uma carrinha. Não é um SUV (Sports Utility Vehicle). Então, o que é? É um BMW dotado de um competente e fiável turbodiesel de 177cv e, também, uma espécie de veículo versátil que serve, entre outras coisas, para transportar pessoas.

É o "benjamim" dos todo-o-terreno da marca bávara e olha de cima para a restante série 1. O que até é natural, uma vez que foi desenvolvido com base na plataforma da série 3. Ainda assim, o ar que se respira a bordo, irrepreensível em termos dos acabamentos, está mais próximo dos revestimentos da gama de entrada da casa germânica. Principalmente no que aos plásticos diz respeito. Os bancos em pele fazem-se pagar à parte por 1640 euros.

O interior, como é apanágio da marca germânica, proporciona desafogo para os ocupantes da frente e espaço suficiente nos bancos posteriores. Só o passageiro castigado no lugar do meio se pode queixar das dimensões do túnel central. A modesta capacidade da bagageira de 360 litros pode ser aumentada para 480 litros - sem rebater os bancos (também possível) -, com o ajuste das costas dos assentos quase na vertical. Uma solução que, no entanto, não é muito confortável para quem viajar atrás.

A quem apenas pretender fugir à imagem estafada das carrinhas, e não quiser sujar as jantes fora do asfalto, bastará a versão com duas rodas motrizes no eixo posterior (sDrive). As linhas musculadas e o aspecto compacto mas robusto podem ser complementados com várias opções estéticas, como as barras de tejadilho em alumínio acetinado (600 euros).

Já para os que gostam de quebrar a rotina por trajectos mais trialeiros, a curta distância ao solo não permite grandes aventuras. E pode mesmo, nos pisos mais lamacentos, contribuir para se ficar atascado com grande facilidade. Mas a tracção integral com distribuição variável de potência, aliada à possibilidade de desligar o controlo electrónico de estabilidade (DSC), é um precioso trunfo para encontrar a melhor forma de sair de uma situação imprevista num curto passeio domingueiro. Além de que confere maior domínio nas trajectórias de percursos sinuosos. O Hill Descent Control favorece a descida nas pendentes acentuadas.

O turbodiesel de quatro cilindros debita 177cv, mais do que suficientes para responder com prontidão e desembaraço às solicitações sobre o pedal do acelerador. A precisa transmissão manual de seis velocidades também contribui para o bom desempenho. A sonoridade muito contida desta motorização de 2.0 litros só se faz notar um pouco mais do que se esperava quando se retoma a marcha com a função automática Start

Stop, que ajuda a poupar combustível nos semáforos ou, no trânsito citadino, em "pára-arranca". Os baixos consumos anunciados sofrem um ligeiro agravamento (até aos oito litros no ciclo combinado) com uma condução mais exigente.

A versão xDrive do 20d começa nos 46.200 euros. Mas o conjunto de equipamento contido na unidade ensaiada - que incluía sensores de estacionamento (780 euros) com câmara traseira (440 euros), cruise control com função de travagem (340 euros) e sistema de navegação (2640 euros) - elevava a factura para 57.110 euros. Um valor pouco simpático, mesmo para umas escapadelas por bons e maus caminhos.

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