Santos Ferreira avisa que acabou crédito "fácil e barato"

"Se aqui [no país] não fizermos nada, alguém o fará por nós", defendeu ontem o presidente do BCP, Carlos Santos Ferreira, após divulgar lucros trimestrais de 96,4 milhões de euros, menos 9,6 por cento do que no período homólogo. E avisou: "Os tempos do crédito barato e fácil terminaram."

"É evidente que nos estão a atacar [os mercados], mas isso não pode criar em nós uma sensação de injustiça", notou Santos Ferreira, adiantando que "se os mercados nos atacam é porque nos pusemos a jeito".

As declarações realizadas pelo CEO, após a divulgação das contas trimestrais, tiveram carácter de urgência. "O PEC é um assunto muito sério" e é preciso executar as medidas anunciadas pelo Governo. "Não podemos ficar eternamente a discutir. Faça-se o que houver para fazer e não se utilize como desculpa a necessidade de continuar a analisar para não se fazer nada."

Santos Ferreira reconheceu que "a descida do rating da República portuguesa tem impacto no preço e na capacidade de recorrer ao financiamento. Isso afectará os resultados dos bancos e a vida das pessoas".

Sobre a redução da notação de risco do BCP, na sequência da descida do da República [todos os bancos foram penalizados, mas o BCP é considerado o mais frágil], Santos Ferreira não se revelou preocupado. "As nossas necessidades de financiamento até final do ano estão asseguradas" e, em caso de urgência, o banco tem margem para ir ao BCE. "E podemos sempre ir ao mercado, só que o dinheiro é mais caro." Mas, ironizou, "o rating é como os chapéus. Há muitos e para todos os gostos."

Santos Ferreira lembrou, ainda, que se chegou ao fim "de um período de crédito barato e fácil". "Sentimos que há uma diminuição de crédito. Mas não deixaremos nenhuma empresa bem capitalizada e com bons projectos sem financiamento."

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