Contestar o apoio público ao projecto de construção de um centro de investigação e de criação de animais para experiências científicas (biotério) em Azambuja, que está a ser desenvolvido pela Fundação Champalimaud (FC), e reclamar a sua reconversão num Centro 3R, são os objectivos de uma marcha de protesto que a Plataforma de Objecção ao Biotério (POB) promove hoje à tarde em Lisboa. A iniciativa, organizada na data em que se assinala o Dia Mundial do Animal de Laboratório, terá início na zona do Saldanha, junto à sede da FC, e seguirá em direcção à sede da Fundação Calouste Gulbenkian.

A POB entregou, em Março, na Assembleia da República, uma petição que critica o projecto da FC, considerando que a instalação deste tipo de espaços está a ser abandonada e reclamando a sua transformação num Centro 3R, estruturas que desenvolvem bases de dados acessíveis a toda a comunidade científica com estudos feitos com animais e promovem conferências sobre alternativas à experimentação animal.

Criada em 2007, a POB sustenta que "as entidades governamentais portuguesas não devem compactuar com a construção desnecessária e imoral de um biotério com fins comerciais em território nacional".

O projecto do biotério de Azambuja está incluído no pacote de compensações pela mudança da localização do novo aeroporto aprovado em 2008. De acordo com os dados então divulgados, contempla um investimento de 36 milhões de euros, comparticipado em 27 milhões por fundos comunitários, para a instalação de 25 mil gaiolas para criação de cobaias e cerca de 100 postos de trabalho. A POB afirma, contudo, que dados mais recentes já apontam para um projecto muito mais pequeno, com dez mil gaiolas e 25 a 30 postos de trabalho numa fase inicial.

Em Março, em resposta a um requerimento do BE, o gabinete do ministro da Agricultura adiantou que a Direcção-Geral de Veterinária (DGV) desconhecia o projecto do biotério e iria solicitar esclarecimentos à FC. Portugal está entretanto a ultimar lesgislação para impor maior rigidez no uso de animais para fins experimentais, revelou ontem o Ministério da Agricultura. Segundo a DGV, em 2007 foram utilizados 38 mil animais para fins científicos em Portugal.