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Erupção na Islândia ameaça despertar o Katla, um poderoso vulcão adormecido

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Imagem de radar mostra as três crateras do vulcão submerso Olafur Eggertsson/ REUTERS

Especialistas dizem que o aumento da actividade na última década sugere que a Islândia poderá estar a entrar numa fase vulcânica mais activa

O maior impacto da erupção do Eyjafjallajokull, um vulcão escondido sob o quinto maior glaciar da Islândia, pode estar para vir. Os peritos em vulcanologia temem que esta erupção possa vir a despertar o Katla, um vulcão maior e mais "agressivo", a alguns quilómetros de distância, que está adormecido desde 1918.

De acordo com os cientistas, as erupções do Katla, situado sob o glaciar Myrdalsjoekull, têm ocorrido um ou dois anos depois da entrada em actividade do Eyjafjallajokull.

"Esta erupção liberta a pressão do vulcão", explicou Pall Einarsson, geofísico da Universidade da Islândia, salientando que essa pressão pode vir a notar-se noutro local. E se o Katla entrar em actividade, os impactos serão bem diferentes dos causados pelo Eyjafjallajokull. O Katla "é um vulcão que pode causar danos locais mas também globais", garantiu.

Além disso, os investigadores acreditam que a Islândia está a entrar numa fase vulcânica mais activa. "O aumento da actividade nos últimos dez anos sugere que poderemos estar a entrar numa fase mais activa, com mais erupções", disse Thorvaldur Thordarson, da Universidade de Edimburgo, à NewScientist.

Comparado com o Katla, o Eyjafjallajokull é um pequeno vulcão. Para já, segundo garante o Ministério dos Negócios Estrangeiros islandês, os danos da erupção deste vulcão limitam-se a "estradas, pontes e outras infra-estruturas destruídas pelas inundações", bem como aos terrenos agrícolas.

Ainda assim, os habitantes da região mais próxima do vulcão foram aconselhados a usarem uma máscara quando saírem de casa e a manter as janelas fechadas. Há cerca de dois dias que cai uma cinza negra e cinzenta e muito fina, semelhante a farinha ou a grãos de açúcar.

A leste do vulcão, centenas de hectares de terrenos ficaram cobertos por uma espessa camada de poeiras. "As cinzas começaram a cair na minha quinta, mas a direcção do vento mudou e agora estamos bem", disse o criador de gado Erlundur Bjornsson, que vive a 95 quilómetros do vulcão, citado pelo Guardian. "Há uma cinza que nos entra nos olhos e que cobre tudo. Cheira a enxofre."

Em algumas localidades a visibilidade tornou-se reduzida. Por isso, a polícia impôs restrições à circulação em várias estradas. "Não se consegue ver nada, está tudo escuro", comentou Urour Gunnarsdottir, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, citada por aquele jornal. As autoridades estão a avaliar a acumulação de cinzas nas proximidades do glaciar e a recolher amostras.

O problema das inundações

Além disso, está a ser monitorizado o fluxo de água na lagoa do glaciar. O calor derreteu um terço do gelo que cobria a cratera do vulcão, causando inundações. Este tem sido o maior problema para as pessoas que vivem perto do vulcão. Na noite de quinta-feira, 800 habitantes das proximidades do glaciar foram obrigados a abandonar as suas casas. De acordo com a Protecção Civil, ontem já todos tinham regressado, à excepção dos cerca de 50 moradores de 20 quintas. Mas "se virmos que o nível das águas está a subir de novo, não hesitaremos em retirar de lá aquelas pessoas outras vez", garantiu Kjartan Thorkelsson, chefe da polícia local.

Por enquanto não há registo de vítimas, nem mesmo de animais.

Na Islândia, a perturbação poderá durar meses. "A última vez que este vulcão entrou em erupção a actividade durou 14 ou 15 meses [de Dezembro de 1821 a Janeiro de 1823]", lembrou Thorkelsson.

"Não há qualquer indicação de que a actividade esteja a diminuir", informou o Instituto islandês de Meteorologia. Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros, a força da erupção vulcânica "parece estar estável".

"A amplitude da erupção oscila, aumenta e depois diminui. No geral deverá manter a mesma dimensão de ontem", salientou o geofísico Pall Einarsson.

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