Lisboa escapa por pouco ao fim da tabela nos transportes

Deficiente informação, transbordos desmotivantes, múltiplos tarifários e falta de infra-estruturas são algumas das conclusões do EuroTest

Munique pode continuar a orgulhar-se das suas cervejarias, pois quem abusar desta bebida tem ao seu dispor o melhor sistema de transportes públicos europeu. A conclusão é de um recente estudo do EuroTest, organismo da Federação Internacional do Automóvel (FIA), que distinguiu a cidade alemã entre 23 grandes centros urbanos. Lisboa ficou em 18.º lugar, à frente de Madrid e Londres.

"Nada mau, mas pode melhorar", foi o veredicto do estudo realizado pelo EuroTest ao transporte público em diversas cidades europeias. Este organismo, de que faz parte o Automóvel Clube de Portugal (ACP), testou entre Outubro e Dezembro de 2009 os tempos de viagem, as ligações, a informação e os bilhetes e tarifas dos comboios, metropolitano, autocarros e eléctricos. A cidade de Munique alcançou o primeiro lugar, com uma apreciação de "muito bom", seguida de outras 11 com a classificação de "bom", nove ficaram-se pelo "aceitável" - entre as quais Lisboa -, uma teve o carimbo de "mau" e, em último, Zagreb com um "muito mau".

"Ficava admirada se Lisboa tivesse ficado muito bem cotada", comentou, com base na sua experiência pessoal, Patrícia Pereira, do ACP, explicando que o EuroTest trabalhou directamente os operadores (CP, Metropolitano de Lisboa e Carris) para recolher elementos para o estudo. Para Fernando Nunes da Silva, vereador da Mobilidade na Câmara de Lisboa, estudos destes "são sempre úteis, mas importa perceber os critérios em que se basearam". O autarca reconhece que é preciso maior intervenção municipal para melhorar a mobilidade urbana, mas salienta o investimento dos operadores para atrair mais utentes.

Lisboa é apontada como uma das cidades que não possuem um site comum com os diferentes operadores - o Transporlis (transporlis.sapo.pt), por exemplo, é desconhecido até dos portugueses. Ainda assim, a capital lisboeta ficou à frente de Madrid (19) e de Londres (20), cujo site informativo, com indicações em 16 idiomas, deve servir de modelo.

Munique, por sua vez, convenceu o EuroTest pelas ligações rápidas e informação detalhada nas estações e veículos, apesar das tarifas menos favoráveis. Já a capital croata peca pelas deficientes ligações na cidade, apenas servida a partir do aeroporto por autocarros, e as viagens de eléctrico à velocidade média de 13 quilómetros por hora.

"Transportes eficientes com boas interligações são essenciais para persuadir as pessoas a deixarem os carros em casa", salientou Wil Botman, director do gabinete europeu da FIA.

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