Pequim sinaliza mudanças na sua política cambial

Um dos mais importantes responsáveis do decisivo instituto de investigação económica ligado ao Governo admitiu que a China possa voltar a alargar o intervalo de variação do iuan renminbi, permitindo deste modo que a sua cotação face ao dólar e ao euro suba de forma progressiva. O momento em que essa decisão será adoptada não foi revelado, tendo Ba Shusong apenas dito que depende do ritmo da recuperação económica nos EUA e na China.

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Um dos mais importantes responsáveis do decisivo instituto de investigação económica ligado ao Governo admitiu que a China possa voltar a alargar o intervalo de variação do iuan renminbi, permitindo deste modo que a sua cotação face ao dólar e ao euro suba de forma progressiva. O momento em que essa decisão será adoptada não foi revelado, tendo Ba Shusong apenas dito que depende do ritmo da recuperação económica nos EUA e na China.

Estas declarações, feitas numa conferência de imprensa convocada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, são uma resposta clara a uma decisão tomada no início desta semana pelas autoridades norte-americanas. A Casa Branca anunciou que iria adiar a publicação de um relatório que colocava a China na categoria de "manipulador cambial". O secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, chegou mesmo a afirmar na segunda-feira que fazer subir o valor do iuan era "uma escolha da China", moderando deste modo o tom de um debate que em certos momentos chegou a aquecer.

Alguns analistas assinalam que, para além das questões económicas, tem sido notória nas últimas semanas a aproximação entre os EUA e a China em algumas áreas fundamentais, como a política nuclear.

O problema da subvalorização do iuan, que já se verifica há vários anos, ganhou particular importância para os EUA devido à crise económica. Os EUA, a braços com níveis de endividamento externo elevados, vêem num aumento das exportações a única via possível para o regresso a taxas de crescimento elevadas. Se o dólar permanecer a um nível demasiado elevado face à divisa chinesa, dificilmente os EUA conseguirão reduzir os défices comerciais que, ano após ano, acumulam face ao gigante asiático. Resta agora que a China esteja disposta a abdicar desta sua vantagem.