Passeio do Prado

Monet, Barceló e Thomas Schütte

Se uma visita ao Museu do Prado é já programa suficiente para uma jornada de artes, quem por estes dias passar por Madrid não deverá desperdiçar a oportunidade de visitar três outras exposições no perímetro geográfico e artístico do Passeio do Prado. Aí onde já começaram as obras do polémico plano que Álvaro Siza Vieira concebeu para o percurso Prado-Recoletos, apaziguados que foram os protestos da baronesa Thyssen-Bornemisza.

A visita pode muito bem começar pelo Museu Thyssen-Bornemisza, para admirar os nenúfares, os jardins e as paisagens de Claude Monet (1840-1926), em diálogo com artistas que seguiram os seus traços. Monet e a Abstracção decorre entre o Thyssen-Bornemisza e a Caja Madrid. No primeiro, percorre-se a obra do mestre impressionista francês a par de trabalhos de Joseph Turner, Mark Rothko, Jackson Pollock ou Willem De Kooning. O aspecto mais "impressivo" é, sem dúvida, poder entender a evolução na representação dos famosos nenúfares de Monet, desde a transparência e reflexos aquáticos dos primeiros quadros com as flores cultivadas no seu jardim de Giverny até à sua figuração cada vez mais abstracta, próxima do expressionismo de Pollock ou Cy Twombly. Já na Caja Madrid, as influências de Monet chegam a Gerhard Richter e a... Maria Helena Vieira da Silva.

De regresso ao Passeio do Prado, a Caixa Fórum começa por ser uma forte experiência de arquitectura, com o projecto dos suíços Herzog & de Meuron de transformação de uma antiga central eléctrica num moderno centro cultural emoldurado por um inesperado jardim vertical. Lá dentro, há uma retrospectiva da obra de Miquel Barceló (n. Maiorca, 1948): mais de 25 anos de trabalho em 140 obras, desde as grandes telas do início dos anos 80 até criações recentes, em escultura, cerâmica, aguarela, desenho, posters, livros e cadernos de viagem, além das criações atravessadas pela experiência de África.

Finalmente, no Centro de Arte Rainha Sofia está Thomas Schütte - Retrospección, uma exposição retrospectiva e de retrospecção sobre 30 anos de criação. O alemão Thomas Schütte (n. Oldenburg, 1954) - que o Museu de Serralves, no Porto, expôs em 2005, na sua dimensão mais politizada - é aqui revisitado nas múltiplas vertentes da sua obra, onde continuam a ser evidentes a intervenção e o "comentário" político a acontecimentos da actualidade, sobretudo os que dizem respeito à Alemanha. A exposição espalha-se pelos corredores (com 12 duendes em bronze) e pelo claustro do museu, cujo jardim é ocupado por sete esculturas de mulher. S.C.A.

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