Lisboa-Porto de TGV pode ter a última paragem no Sá Carneiro

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A Linha E do metro do Porto, inaugurada em Maio de 2006, liga o aeroporto e o Estádio do Dragão paulo ricca

A Rave está a ponderar a hipótese de prolongar a linha do TGV entre a estação de Campanhã e o Aeroporto de Francisco Sá Carneiro

O Governo autorizou a Rave a estudar uma reformulação do projecto da alta velocidade na região do grande Porto, que inclui uma estação em Vila Nova de Gaia, uma nova ponte sobre o Douro (exclusiva para o TGV) e o términus da linha no Aeroporto de Franciso Sá Carneiro. Na nova abordagem, a estação ferroviária de Campanhã deixa de ser o fim da linha Lisboa-Porto, continuando os comboios para o Aeroporto de Sá Carneiro, onde ficariam instaladas as oficinas de manutenção.

Desta forma, seria possível fazer comboios directos, não só entre Campanha e o Oriente, mas também entre o aeroporto do Porto e o aeroporto de Alcochete. A Rave prevê, agora, no seu modelo de negócios, que a parceria público-privada inicialmente prevista para o troço Pombal-Porto passe a ser Coimbra-Aeroporto Sá Carneiro. O concessionário fica, assim, obrigado a construir o prolongamento entre a estação ferroviária de Campanhã e a gare aeroportuária.

A passagem do TGV pelo aeroporto sempre esteve prevista, mas só numa segunda fase da linha Porto-Vigo. Esta deverá aproveitar, numa primeira fase, a linha convencional entre Campanhã e Braga, só tendo de se construir uma linha nova entre esta última e Valença, ficando para mais tarde o troço via aeroporto entre a Invicta e Braga. Neste momento, a ideia é inserir já o Aeroporto Francisco Sá Carneiro na rede de alta velocidade, ligando-o à linha Lisboa-Porto (sem prejuízo, claro, de se fazer mais tarde a sua ligação a Braga e a Vigo).

Paragem na Margem Sul

A nova visão da Rave sobre o seu projecto na região Norte inclui uma estação subterrânea do TGV em Vila Nova de Gaia, na zona de Laborim e Santo Ovídeo. Nessa futura estação, chamada Quinta do Cedro, irão coincidir o metro e o TGV. A ideia partiu da constatação de que, ao atravessar toda a cidade em túnel, o comboio de alta velocidade poderia efectuar uma paragem na Margem Sul do Douro. O investimento não é excessivo porque basta alargar o túnel, lateralmente, em algumas centenas de metros, e construir duas plataformas para a entrada e saída de passageiros (e respectivos acessos à superfície).

Para consolidar este projecto, a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia poderá chegar a um entendimento com a Rave e instalar nas imediações de Laborim e de Santo Ovídeo um parque de negócios, que iria dinamizar economicamente aquela zona e dar-lhe uma nova centralidade.

Por fim, a própria Ponte de S. João, para passagem do TGV, está agora posta em causa se se provar que o tráfego de comboios de alta velocidade justifica que se abandonem as soluções provisórias (terceiro carril nas vias da actual ponte) e se passe já para a construção de uma nova infra-estrutura sobre o rio Douro. Actualmente, recorde-se, aquela é a única travessia ferroviária naquele ponto do rio.

É que a experiência de outros países dita que as linhas de alta velocidade, com cidades intermédias de permeio, acabam por levar à criação de uma segunda categoria de serviços ferroviários para as poder servir. Neste caso, podem coexistir, a par dos directos Porto-Lisboa (em 1h15 e sem paragem), outros comboios igualmente rápidos que sirvam cidades como as de Braga, Aveiro, Coimbra e Leiria. Mas também outros destinos com recurso a composições bibitola (aptas a circular nas linhas de alta velocidade e na rede convencional).

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