Só nove adeptos violentos foram proibidos de entrar em recintos desportivos em Portugal

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Muitos casos de violência têm origem nas claques dos clubes João Henriques/arquivo

Atirar objectos para dentro de um recinto desportivo, colocando em perigo a integridade física de outras pessoas. Participar em rixas que provoquem perigo para terceiros ou inquietação entre a população. Danificar transportes ou equipamentos públicos. Estas são algumas das acções que, à luz da lei contra a violência no desporto, permitem proibir adeptos de entrar em recintos desportivos. Esta punição, no entanto, é pouco aplicada em Portugal.

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Atirar objectos para dentro de um recinto desportivo, colocando em perigo a integridade física de outras pessoas. Participar em rixas que provoquem perigo para terceiros ou inquietação entre a população. Danificar transportes ou equipamentos públicos. Estas são algumas das acções que, à luz da lei contra a violência no desporto, permitem proibir adeptos de entrar em recintos desportivos. Esta punição, no entanto, é pouco aplicada em Portugal.

Apenas nove adeptos, sete de futebol e dois de futsal, viram esta sanção ser-lhes aplicada pelos tribunais desde 2007, revelou ao PÚBLICO Carlos Paula Cardoso, presidente do Conselho para a Ética e Segurança do Desporto (CESD), que até Julho do ano passado, antes da entrada em vigor da lei 39/2009, era notificada de todas as interdições deste tipo.

Este assunto volta a estar em cima da mesa, depois dos incidentes de domingo na final da Taça da Liga. As autoridades policiais não fizeram qualquer detenção no Algarve, mas identificaram "várias pessoas", disse ao PÚBLICO o tenente-coronel Pedro Costa Lima, porta-voz da GNR, explicando que o "procedimento habitual desde o Euro 2004 é identificar os adeptos, de modo a não acicatar ainda mais os ânimos" - os identificadas terão depois de comparecer em tribunal.

O PÚBLICO confrontou o porta-voz da GNR com o facto de as claques do FC Porto terem provocado desacatos na área de serviço de Alcácer do Sal e nas portagens de Paderne e se esse facto não teria sido suficiente para tê-las impedido de seguir viagem. "Em Portugal, há separação de poderes e não compete à polícia julgar", justificou Costa Lima. E, apesar dos incidentes no Algarve, que oficialmente resultaram em três feridos ligeiros, a GNR fez "um balanço positivo", por não se terem "registado incidentes de vulto no jogo de maior risco do ano"

Menos optimista é a avaliação da Federação Portuguesa de Futebol, cujo líder, Gilberto Madaíl, exigiu ontem medidas mais duras para erradicar a violência associada aos jogos de futebol. "Há que parar para pensar e, de forma concertada, encontrar soluções para pôr cobro à violência que mina e descredibiliza a imagem do futebol português e do próprio país", disse Madaíl à Lusa, lembrando que "em pouco mais de uma semana", aconteceram "espectáculos degradantes" no encontro entre o Lousada e o Boavista, da II Divisão, antes da partida entre o Sporting e o Atlético de Madrid, da Liga Europa, e na final da Taça da Liga, entre FC Porto e Benfica. Estes incidentes serão discutidos na próxima reunião do CESD, a 6 de Abril.

Por outro lado, o arremesso de cadeiras e outros objectos para o relvado poderá valer a FC Porto e Benfica multas entre 250 e 2500 euros. Fonte da Liga, entretanto, disse à Lusa que o organismo espera uma factura de 100 mil euros pelo policiamento, o dobro do ano passado.