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Comemoração do centenário da República arranca no Porto para recordar revolta de 31 de Janeiro de 1891

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Cavaco abre programa das celebrações dos 100 anos da República PAULO PIMENTA

As comemorações do centenário da República vão arrancar no Porto, nos próximos dias 30 e 31, homenageando a revolta republicana de 31 de Janeiro de 1891. O programa para os dois dias foi ontem apresentado e contará com a presença do Presidente da República, que estará na cerimónia de abertura e inaugurará a exposição Resistência: da alternativa republicana à luta contra a ditadura, que ficará patente na antiga Cadeia da Relação.

Vai haver música, teatro, conferências e até uma subida à Torre dos Clérigos em parcour, mas o ponto alto do programa, conforme sublinhou Artur Santos Silva, presidente da comissão nacional para as comemorações, será precisamente a exposição comissariada por Teresa Siza e Manuel Loff, que renderá homenagem a um conjunto de "homens de elevado sentido de serviço público", desapegados pelos bens materiais e que "lideraram pelo exemplo"; os que fizeram, no Porto, a primeira tentativa para instaurar a República, mas também os que, depois do 5 de Outubro de 1910, e até Abril de 1974, resistiram à opressão do Estado Novo. Santos Silva sublinhou, a propósito, os nomes dos portuenses Mário Cal Brandão, Abel Salazar e o bispo D. António Ferreira Gomes.

Parte de uma grande evocação que terá pólos também na Cordoaria Nacional, em Lisboa, e na Universidade de Coimbra, a exposição será inaugurada na tarde do dia 31 e é apenas parte dos festejos agendados para esse fim-de-semana, entre os quais está prevista uma reconstituição histórica da revolta de 31 de Janeiro de 1891, marcada para as 18h30 do dia 30, na Praça da Batalha, no Porto.

Para além da habitual romagem ao Cemitério do Prado do Repouso e da cerimónia solene de abertura das comemorações, na Avenida dos Aliados, o programa inclui ainda uma encenação pela Seiva Trupe no Teatro do Campo Alegre, uma exposição no Museu Nacional de Imprensa, um concerto na Casa da Música dedicado ao ano de 1910 e um espectáculo no Coliseu do Porto que juntará quatro grandes nomes da música nacional ligados ao Porto: Rui Veloso, Sérgio Godinho, Rui Reininho e Pedro Abrunhosa. O Museu de Serralves e o Teatro São João estarão ainda, neste dois dias, com as portas abertas.

As comemorações do centenário da República, que terão início no Porto, estão orçadas em dez milhões de euros e prolongar-se-ão até Agosto de 2011, assinalando a aprovação da primeira Constituição republicana, e visam, segundo Artur Santos Silva, revisitar os grandes valores da República e contribuir para que eles se reforcem, de modo a que a sociedade portuguesa fique "mais habilitada para assumir os desafios do século XXI" e possa construir-se de forma "mais moderna e mais justa". Idêntico desafio foi expresso pelo ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, tendo o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, considerado "importante que as comemorações não se confinem ao carácter protocolar". "O regime atravessa problemas graves. Para que as comemorações possam ter um pouco mais, era importante aproveitar para reflectir seriamente sobre aquilo que manifestamente não está bem, com realismo e sem nenhuma nuvem conjuntural, sem que nos esforcemos por dizer apenas aquilo que é politicamente correcto", declarou.

O vasto programa nacional das comemorações prevê ainda outros eventos com enfoque no Porto, destacando-se a exposição Corpo transparente, que estará patente entre Abril e Julho no Museu Nacional de Soares dos Reis e a mostra de arte contemporânea Às artes, cidadãos, agendada para Outubro, no Museu de Serralves.

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