Temperaturas do solo sempre congelado na Antárctida estão a subir durante o Verão

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A investigação já leva nove anos Alister Doyle/Reuters

Estes resultados foram apresentados numa sessão de divulgação no Centro de Estudos Geográficos (CEG), na segunda-feira. "Já sabíamos que havia um aumento das temperaturas do ar, que foi de 2,5 graus [Celsius] nos últimos 50 anos. Não se sabia era nada do que se passava no solo, não havia dados", explica ao PÚBLICO Gonçalo Vieira, coordenador do Grupo de Investigação em Ambientes Antárcticos e Alterações Climáticas do CEG.

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Estes resultados foram apresentados numa sessão de divulgação no Centro de Estudos Geográficos (CEG), na segunda-feira. "Já sabíamos que havia um aumento das temperaturas do ar, que foi de 2,5 graus [Celsius] nos últimos 50 anos. Não se sabia era nada do que se passava no solo, não havia dados", explica ao PÚBLICO Gonçalo Vieira, coordenador do Grupo de Investigação em Ambientes Antárcticos e Alterações Climáticas do CEG.

Nove anos de investigação

"Os nossos dados - uma série de observações de nove anos das temperaturas da parte superior dopermafrost - mostram uma tendência para o aquecimento. Não arriscamos dizer qual o valor dessa tendência: nove anos não é suficiente para indicar um número", acrescenta Gonçalo Vieira, que explicou ainda que a última campanha portuguesa na Antárctida, em Janeiro e Fevereiro deste ano, foi a maior de sempre (cinco investigadores estiveram nas ilhas de Livingston e Deception, integrados numa equipa internacional).

O que os cientistas portugueses têm feito são perfurações no solo gelado, onde deixam instrumentação diversa, incluindo termómetros.

Durante o Verão, os primeiros metros do solo congelado - a chamada camada activa - funde-se, o que é normal. No Inverno, volta a ficar congelada. Ora, em relação ao Verão há outra novidade: "O aquecimento tem sido essencialmente ao nível dos Verões. Parece que são significativamente mais quentes na camada activa", refere o investigador.

Graças a esta série de observações, Gonçalo Vieira sublinha: "Neste momento, estamos em condições de fornecer dados para uma rede mundial de monitorização do permafrost."

Com esses dados, os modelos climáticos, utilizados pelos cientistas para fazer projecções sobre a evolução do clima da Terra, poderão ser calibrados. Para projectar o clima do futuro é preciso conhecer em pormenor o que se passa actualmente.

Além disto tudo, os resultados apresentados pela equipa portuguesa são mais uma indicação de que, naquela zona da Terra, está a dar-se um aquecimento. Juntam-se assim a um coro de dados, para muitas outras regiões, de que o planeta tem estado a aquecer.