António Costa dá maioria absoluta ao PS em Lisboa, num resultado sofrido até às últimas

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Pedro Cunha

Foi um resultado histórico aquele que António Costa ontem deu ao PS em Lisboa: nove vereadores, contra os sete eleitos pelo rival da direita, Santana Lopes. Mas foi também uma vitória sofrida até ao fim: foi já quando discursava, já passava da uma da matina, que o socialista teve a certeza de haver alcançado a maioria absoluta, à qual não tencionava referir-se. É verdade que dez minutos antes as informações que chegavam à sala do hotel Altis onde estava reunido com a sua equipa para a vereação e com os colaboradores mais próximos haviam confirmado esse objectivo que mal se tinha atrevido a pedir aos eleitores durante a campanha eleitoral, ciente que estava da dificuldade de lá chegar. Mas cinco minutos a seguir vinha o balde de água fria: afinal, apesar de garantida a vitória podia ter um sabor acre, com o PSD - apesar de ficar em segundo lugar na votação - a conseguir eleger os mesmos oito vereadores que os socialistas, ficando a CDU com um mandato. Um cenário que deixaria os socialistas nas mãos dos comunistas, e que só veio a desfazer-se já durante a intervenção de António Costa. Daí a linguagem gestual, já com as televisões em directo. Desconfiado depois de tantas confirmações e infirmações, o novo presidente da câmara só acreditou quando lhe levaram um “print” dos resultados.

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Foi um resultado histórico aquele que António Costa ontem deu ao PS em Lisboa: nove vereadores, contra os sete eleitos pelo rival da direita, Santana Lopes. Mas foi também uma vitória sofrida até ao fim: foi já quando discursava, já passava da uma da matina, que o socialista teve a certeza de haver alcançado a maioria absoluta, à qual não tencionava referir-se. É verdade que dez minutos antes as informações que chegavam à sala do hotel Altis onde estava reunido com a sua equipa para a vereação e com os colaboradores mais próximos haviam confirmado esse objectivo que mal se tinha atrevido a pedir aos eleitores durante a campanha eleitoral, ciente que estava da dificuldade de lá chegar. Mas cinco minutos a seguir vinha o balde de água fria: afinal, apesar de garantida a vitória podia ter um sabor acre, com o PSD - apesar de ficar em segundo lugar na votação - a conseguir eleger os mesmos oito vereadores que os socialistas, ficando a CDU com um mandato. Um cenário que deixaria os socialistas nas mãos dos comunistas, e que só veio a desfazer-se já durante a intervenção de António Costa. Daí a linguagem gestual, já com as televisões em directo. Desconfiado depois de tantas confirmações e infirmações, o novo presidente da câmara só acreditou quando lhe levaram um “print” dos resultados.

Noite morna, tarde aqueceu

Até ali tinha sido uma noite morna, pontuada aqui e acolá por entusiasmos momentâneos quando os holofotes das televisões se acendiam ou quando havia notícia de alguma freguesia ganha ao PSD, como Campolide ou Benfica. Cansados de horas a fio à espera do discurso de vitória, que teimava em não chegar, precisamente por causa da imprevisibilidade dos resultados, os apoiantes da candidatura “Unir Lisboa” explodiram num grito quando ouviram as palavras mágicas da boca de António Costa: “Vitória! Vitória!”. Quando Sócrates falou, ainda antes de Costa - elogiando a vitória do seu ex-ministro da Administração Interna em Lisboa, mas ainda sem arriscar mencionar as palavras mágicas -, houve quem não se contivesse no Altis: “Isto não é a festa dele...”.

E se a lista “Unir Lisboa”, que integra também o independente Sá Fernandes e Helena Roseta, dos Cidadãos por Lisboa, conseguiu 44 por cento dos votos expressos para a câmara. o resultado dos socialistas nas freguesias também merece destaque: vitória em 39 das 53 existentes. As maiores freguesias de Lisboa ficam agora todas nas mãos dos socialistas: além de Benfica, Marvila e Olivais. Já na Assembleia Municipal de Lisboa o PS não conseguiu maioria absoluta.

“Estes resultados têm uma mensagem política muito clara. Quem percebeu que o caminho era unir Lisboa ganhou, quem não quis unir Lisboa, perdeu”, declarou António Costa, numa clara referência às forças de esquerda que não quiseram coligar-se com o PS, BE e PCP. Ainda assim, garantiu que apesar da maioria absoluta estará disponível para trabalhar “com todos”, “independentemente das forças políticas pelas quais foram eleitos”.

No capítulo das promessas, o reeleito presidente da câmara comprometeu-se a ser “o provedor da cidade junto dos outros poderes, designadamente junto do poder central”.

Com o Governo manterá aquilo que designa por uma atitude de “cooperação estratégica”, sem abdicar da defesa “dos interesses de Lisboa e dos lisboetas”. E recordou algumas das suas prioridades para o próximo mandato: espaços verdes, limpeza da cidade, apoio aos idosos. Mas também a criação de equipamentos, como escolas e creches, que permitam a mais famílias fixar-se em Lisboa, em vez de trocarem a cidade pelos subúrbios.

Para António Costa, esta vitória prova que “os cidadãos preferem o rigor, a seriedade, a competência, a intransigência, ao manobrismo, e o trabalho cuidado e planeado ao improviso e à obra de encher o olho.