No passado 16 de Agosto de 1992

Envolvido num escândalo de corrupção, o Presidente brasileiro, Fernando Collor de Mello, decidiu apelar à população para sair à rua vestida de verde e amarelo, como manifestação de apoio ao primeiro Presidente eleito por votação directa desde 1961. Mas os brasileiros estavam fartos e saíram à rua sim, mas vestidos de negro. No "Domingo negro" de 16 de Agosto de 1992 muitos jovens manifestaram-se vestidos de preto e com a cara pintada da mesma cor - queriam mostrar que estavam de luto por causa da corrupção no país. Em Salvador os estudantes vestiram-se de negro, mas deixaram a cara pintada de verde e amarelo. Os caras-pintadas, como eram chamados, já tinham começado a manifestar-se antes e exigiam apenas uma coisa: a demissão de Collor.
Fernando Collor de Mello tinha sido acusado pelo próprio irmão, Pedro Collor de Mello, de cumplicidade com o seu tesoureiro, Paulo César Farias, em crimes como enriquecimento ilícito e tráfico de influências. A comissão de inquérito parlamentar encarregada de avaliar o caso recomendou a abertura do processo de destituição de Collor de Mello no dia 1 de Setembro e no dia 29 a Câmara dos Representantes votava a favor. Os caras-pintadas assistiam à votação ao vivo e celebravam. "A cada voto [a favor] era um abraço com desconhecidos", lembrou ao jornal brasileiro Folha de São Paulo uma das caras-pintadas.

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