Alan Greenspan toma posse na Fed

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KEVIN LAMARQUE/REUTERS

Na altura poucos desconfiavam, mas há 22 anos na Reserva Federal norte-americana assistia-se a um momento decisivo para a evolução da economia mundial. Ronald Reagan substituía Paul Volcker por Alan Greenspan na liderança da autoridade monetária dos EUA e a forma de pensar e de agir no sistema financeiro nunca mais seria a mesma. Volcker tinha, nos oito anos anteriores, adoptado uma política muito rígida de combate à inflação, sempre com uma grande desconfiança em relação à estratégia de desregulação dos mercados que a Casa Branca queria implementar. Greenspan, um conhecido adepto da filosofia ultraliberal de Ayn Rand, era a escolha de Ronald Reagan para mudar este cenário. O "maestro", como viria mais tarde a ser conhecido nos mercados, não demorou a ser posto à prova. Em Outubro do mesmo ano, a bolsa de Nova Iorque teve a sua "segunda-feira negra", com as cotações a cair a pique e a resposta de Greenspan foi um corte inédito de 60 pontos-base nas taxas de juro. Os mercados recuperaram e ficaram apaixonados pelo novo presidente da Reserva Federal, que repetiu a mesma estratégia durante a crise asiática, depois dos ataques do 11 de Setembro e no momento do rebentamento da bolha tecnológica. Durante os seus mandatos, renovados sucessivamente por Bush pai, Clinton e Bush filho, manteve ainda o apoio às políticas que, em muitos segmentos do sistema financeiro, apostavam apenas na auto-regulação. Quando saiu da Fed, em 2006, era ainda o "maestro" dos mercados, mas, passados três anos e uma crise financeira internacional, tem sido frequentemente colocado no banco dos réus. "Todos nós, especialmente eu, que acreditámos que o interesse próprio das instituições financeiras protegia os seus accionistas, estamos num estado de choque e incredulidade", reconheceu no auge da actual crise. S.A.

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