Torne-se perito

Associações de editores e livreiros voltam a unir-se

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daniel rocha

Após dez anos de lutas, as duas associações de editores e livreiros fundem-se.
A APEL já demitiu a sua direcção e a UEP vai fazê-lo no final do mês

a Não se sabe se acabarão as divergências entre os editores e livreiros portugueses mas ontem foi dado o primeiro passo que levará à unificação das duas associações que existiam em Portugal no sector. A direcção da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) apresentou ontem a sua demissão ao presidente da mesa da assembleia geral, Paulo Teixeira Pinto (da Guimarães Editora), com o objectivo de criar condições para a convocação e realização de uma assembleia geral eleitoral, no final do mês de Setembro.
Por sua vez, a União de Editores Portugueses (UEP) irá reunir-se em assembleia geral no dia 31 de Agosto e, nessa altura, a direcção também se demitirá, seguindo a APEL. "Mais tarde serão elaborados os novos estatutos dessa associação", disse ao PÚBLICO Carlos Veiga Ferreira, da UEP.
Há dez anos que estas duas associações coexistiam e desde há algum tempo que estavam a realizar reuniões preparatórias que levassem à reunificação do sector. A "formalização deste entendimento" passa pela filiação na APEL de actuais associados da UEP, nomeadamente do Grupo Leya.
À agência Lusa, Rui Beja, o agora presidente demissionário da APEL, disse que sai com o sentido do dever cumprido e que este era um dos objectivos do manifesto eleitoral da sua lista. Em comunicado, a APEL considera que a união "abre caminho a uma nova era no sector editorial e livreiro, criando condições para que os desafios de modernidade e competitividade [...] sejam enfrentados com a dinâmica e a capacidade de inovação que se impõem".
Alguns editores já reagiram. O grupo Leya (que integra mais de dez editoras, entre elas, a Editorial Caminho, Publicações D. Quixote, Oficina do Livro, Texto Editora e Edições ASA), que pertencia à UEP, entende "ser mais importante haver uma associação forte e representativa do mercado do que duas associações como até agora".
Zita Seabra, sócia-gerente da Alêtheia Editores (que pertence à APEL), disse à Lusa que "a cisão foi terrível para os interesses dos editores, e é importante estarmos unidos num momento de crise que estamos a viver". "Aquela guerra antes das feiras do livro ou de Frankfurt, que só diminuía os editores, acaba, e depois fica uma só voz a falar junto das autoridades, e isso é muito importante", acrescentou.
"Entendendo a razão que esteve na origem da separação, sempre pugnei pela união, que dá mais força à voz do sector editorial, não obrigando as autoridades a falar com duas estruturas", disse a editora, que se afirmou "muito contente por se ter chegado a este ponto".
Por sua vez, Manuel Alberto Valente, editor da Porto Editora (da APEL), considera esta decisão muito positiva para a classe, depois de alguns episódios "um pouco tristes" a que se assistiu nos últimos anos, nomeadamente em torno das feiras do livro. "Julgo que esta unificação das duas associações é positiva por um lado e, por outro, pode dar um novo alento à classe em termos de melhoria das suas acções. Não só dentro da própria classe mas para a sociedade em geral. Já basta a crise, não é preciso que haja mais uma crise dentro do sector associativo editorial", disse ao PÚBLICO.
O editor, que saiu do grupo Leya para a Porto Editora, deseja que esta unificação também contribua para uma representação mais forte na Feira de Frankfurt, cuja próxima edição se realiza em Outubro.
"Isto acaba com algumas birras, que são um bocadinho infantis, a que todos os anos assistíamos por alturas das feiras do livro", diz a editora Maria do Rosário Pedreira. A sua editora, a Quidnovi, pertence à APEL e à UEP mas Maria do Rosário considera que já não fazia muito sentido existirem duas associações. "Esta unificação faz sentido numa altura em que o retalho tem posições muito fortes e grandes exigências. Se calhar, a única maneira de se fazer face a isso é estarmos todos unidos", disse ao PÚBLICO.

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