Teatro S. Carlos volta atrás e decide apresentar a peça "Amor"

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Fonte do Teatro S. Carlos disse que o adiamento do espectáculo para amanhã, dia de encerramento do Festival ao Largo, se ficava a dever a “problemas internos da produção” João Henriques (arquivo)

O episódio conta-se em poucas palavras: À uma da manhã de hoje, Pedro Moreira, presidente da Opart, telefonou a Diogo Infante para lhe dizer que a peça que este programara há pelo menos um mês e meio não tinha “o perfil adequado para o festival” e que, por isso, era cancelada. Pouco antes das 20h, Infante recebeu nova chamada, desta vez para o informar de que “Amor” estava de volta, mas que só será apresentado amanhã, à mesma hora (tecnicamente já não é possível apresentar hoje o espectáculo).

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O episódio conta-se em poucas palavras: À uma da manhã de hoje, Pedro Moreira, presidente da Opart, telefonou a Diogo Infante para lhe dizer que a peça que este programara há pelo menos um mês e meio não tinha “o perfil adequado para o festival” e que, por isso, era cancelada. Pouco antes das 20h, Infante recebeu nova chamada, desta vez para o informar de que “Amor” estava de volta, mas que só será apresentado amanhã, à mesma hora (tecnicamente já não é possível apresentar hoje o espectáculo).

Diogo Infante, que se mostrara “surpreendido” com o cancelamento, está agora “feliz” por saber que “há pessoas que têm a capacidade de reconsiderar”, corrigindo um erro.

Entre um telefonema e outro houve muitos e-mails trocados pelo potencial público e até a convocação para uma demonstração de desagrado pela atitude de “censura” da Opart, em que estariam presentes os criadores do espectáculo, diversos artistas e cidadãos.

Fonte do Teatro Nacional de S. Carlos disse apenas que o adiamento do espectáculo para hoje, dia de encerramento do Festival ao Largo, se ficava a dever a “problemas internos da produção”.

Quando informou Infante do cancelamento, Pedro Moreira disse ter havido “um mal-entendido” entre a Opart e o director do D. Maria, que não percebera “ a filosofia do festival” e acabara por programar “um espectáculo que não era para aquele espaço nem para aquele público”. Será que houve novo mal-entendido? Infante prefere congratular-se apenas com o facto de o público voltar a ter à disposição o monólogo de André Sant'Anna (um original de 1998), interpretado por Flávia Gusmão. É um texto “exigente”, “provocador” e tem “momentos agressivos”, admite. “Mas é muito contemporâneo e desafia com inteligência os estereótipos relacionados com a masculinidade e a feminilidade.” Proibir a sua apresentação, diz, era “emitir juízos morais em relação às capacidades do público que tem assistido ao Festival ao Largo”.