PS não acompanha Elisa Ferreira em acção de campanha no Porto

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Elisa está cada vez mais isolada Nelson Garrido

O mal-estar entre a candidata e os socialistas não abranda e o pressentimento de que a situação pode complicar-se nos próximos dias ganha cada vez mais força. E nem o facto de José Sócrates estar no Porto, no domingo, para uma reunião de trabalho com os presidentes das concelhias do distrito, sossega as hostes. Em surdina há militantes a defender que o PS deveria retirar-lhe a confiança política.

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O mal-estar entre a candidata e os socialistas não abranda e o pressentimento de que a situação pode complicar-se nos próximos dias ganha cada vez mais força. E nem o facto de José Sócrates estar no Porto, no domingo, para uma reunião de trabalho com os presidentes das concelhias do distrito, sossega as hostes. Em surdina há militantes a defender que o PS deveria retirar-lhe a confiança política.

Anteontem chegou a ser revelado que a secção do PS de Campanha tinha recusado uma visita de Elisa Ferreira ao Bairro do Lagarteiro. A visita foi realmente cancelada, mas pelo facto de se sobrepor à agenda do presidente da Junta de Freguesia de Campanhã, Fernando Amaral, que pertence à secção local do PS. O autarca explicou ao PÚBLICO que a razão do adiamento ficou a dever-se à reunião que tinha agendado com os responsáveis pelo projecto do Bairro do Lagarteiro que decorreu durante a manhã no próprio bairro e à tarde em Campanhã. “Não havia hipótese de conciliar as duas iniciativas”, disse, evitando entrar em grandes considerações sobre as dificuldades no relacionamento entre a candidata e o partido.

Amaral defende uma “maior articulação “ entre a candidata e o partido, reconhece que no “PS não há know-how relativamente a candidaturas independentes” e deixa claro que “compete às concelhias definir e escolher os candidatos aos órgãos autárquicos”.

Quanto ao cenário de uma eventual desistência da corrida à Câmara do Porto, o autarca não a vê como dramática, mas entende que o partido não lhe deve dar argumentos pata que desista. “Não estou fechado a nenhuma situação, desde que ela seja boa para a cidade”, declarou.

Também o ex-eurodeputado Manuel dos Santos não se mostra particularmente preocupado com a possibilidade de a candidata renunciar a um dos cargos, como defende Manuel Alegre, “Espero que não desista, porque seria um grande embaraço (...), mas, se isso acontecer, o PS encontrará uma solução”, disse, afirmando que “Elisa Ferreira cometeu um erro quando assumiu ser candidata às duas coisas. Eu avisei-a”.

Entretanto, ontem à noite, o líder do PS-Porto, Orlando Soares Gaspar, que tem mantido profundas divergências com Elisa Ferreira, recuou e deu a questão da candidatura como “um assunto encerrado”, devido à “intervenção do líder líder do partido no assunto”, pelo que qualquer alteração só poderia acontecer se articulada com ele.

“Estaremos sempre solidários com a estratégia que o secretário-geral queira seguir. Seja qual for o rumo que se tome, será sempre em solidariedade com todos os órgãos do partido, em particular com o líder", afirmou em declarações à agência Lusa.

Confrontado com o facto de o seu próprio nome andar a ser referido com putativo substituto de Elisa Ferreira numa candidatura socialista à Câmara do Porto, Orlando Soares Gaspar considerou que a hipótese "é o mais puro disparate".

As declarações do líder concelhio, que representam um recuo na estratégia que foi definida na semana passada em reunião da comissão política concelhia, realizada nas vésperas de um encontro com a candidata independente, não caíram bem em alguns sectores do partido que continuam a discordar da solução encontrada pela distrital do PS-Porto para disputar com Rui Rio a presidência da Câmara do Porto.