Demolidas últimas barracas do Bairro do Fim do Mundo

a A Câmara Municipal de Cascais demoliu ontem as últimas barracas do Bairro do Fim do Mundo, na freguesia do Estoril, onde chegaram a morar mais de 600 pessoas. A demolição, que gerou o protesto de alguns moradores, vai permitir a renaturalização deste espaço da Reserva Ecológica Nacional. Em comunicado, a autarquia sublinhou ter criado "as condições necessárias para erradicar este foco de pobreza e degradação", que surgiu no fim da década de 1970 e teve "uma franca expansão" na década seguinte. Segundo um recenseamento realizado em 1993, o Bairro do Fim do Mundo tinha na altura 141 barracas, nas quais moravam 619 pessoas de 278 agregados familiares.
Ontem foram demolidas as últimas habitações depois de, segundo a Câmara de Cascais, terem sido realojadas "as últimas 14 famílias recenseadas no âmbito do Programa Especial de Realojamento", instrumento ao abrigo do qual foram realojados 280 agregados familiares ao longo de 16 anos. No comunicado acrescenta-se que, "após a limpeza do entulho resultante destas demolições, o espaço irá ser beneficiado pela implementação de um projecto de renaturalização, a levar a cabo pela Agência Municipal Cascais Natura", que permitirá "a devolução do Pinhal de Santa Rita à população".
Durante a manhã de ontem, alguns habitantes protestaram contra a acção do município e a não apresentação de soluções para o seu realojamento. Armandinho Sá, da comissão de moradores, disse à Lusa que se vivia um "ambiente calmo", empunhando os contestatários cartazes onde se lia "as pessoas não têm alternativas". Armandinho Sá disse que a população se tem manifestado a favor da destruição das barracas, embora reclame alternativas de habitação. As demolições foram acompanhadas pela PSP e Polícia Municipal.

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