Portugália vai ser integrada em projecto imobiliário

No quarteirão da Almirante Reis nasce novo edifício que, juntamente com os dois imóveis "ícones"
de S. Jorge de Arroios, terá 220 fogos

a A cervejaria e a fábrica Portugália, na Avenida Almirante Reis, vão ser reabilitadas no âmbito de um projecto já aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa, que inclui a demolição das antigas instalações da Central de Cervejas e a construção de um edifício cujo número de pisos oscilará entre os quatro e os sete, mais um recuado.O projecto de arquitectura, submetido pelo Fundo de Investimento Imobiliário Fechado Sete Colinas, foi aprovado no fim de 2008, aguardando-se neste momento a entrega dos projectos de especialidades. Luís Ramos, administrador de uma das empresas do Grupo A. Silva e Silva (um dos investidores do fundo), disse que as demolições estão prestes a começar, mas recusou prestar qualquer informação adicional, por considerar que não é oportuno.
Junto da Câmara de Lisboa, o PÚBLICO apurou que a intervenção no chamado quarteirão Portugália inclui a reabilitação, "com as necessárias adaptações", dos edifícios da fábrica e da cervejaria Portugália, que constam do Inventário Municipal do Património do Plano Director Municipal. Já as antigas instalações da Central de Cervejas ("afectas aos respectivos escritórios, adegas e áreas de fabrico"), também incluídas no inventário, vão ser demolidas atendendo à sua "obsolescência" e à "complexidade de que se revestiria a adaptação das estruturas às novas funcionalidades".

Junta nada sabe No local surgirá um único edifício constituído, segundo a proposta aprovada em reunião camarária, "pelos volumes edificados da frente da Almirante Reis e pelo volume contínuo da frente da Rua António Pedro que torneja para a Rua Pascoal de Melo". O empreendimento terá uma área de construção de cerca de 30 mil metros quadrados, destinados a habitação, escritórios e lojas.
O edifício, projectado pelo arquitecto Luís Casal Ribeiro, terá um número de pisos acima do solo entre quatro e sete, "acrescidos pontualmente de um piso recuado", e quatro abaixo do solo. No total haverá 220 fogos, muitos dos quais "de tipologias habitacionais mais baixas e adaptadas às actuais necessidades", e 542 lugares de estacionamento.
Numa informação escrita, uma arquitecta da divisão de projectos particulares da Câmara de Lisboa frisa que o projecto, licenciado em 2006 mas entretanto alvo de alterações, tem como objectivos "a reconversão e a salvaguarda dos valores arquitectónicos e patrimoniais presentes no quarteirão da Portugália, a par da introdução de edificação nova para novas funcionalidades".
O presidente da Junta de Freguesia de São Jorge de Arroios, João Taveira, disse que "ainda não se deram ao trabalho" de o informar da operação urbanística que vai arrancar em breve, mas sublinhou que já tinha alertado para a necessidade de intervir no local, que se tinha transformado em sítio de pernoita de sem-abrigo. O autarca congratula-se com a preservação de edifícios que constam do Inventário Municipal do Património, "dois ícones da freguesia".

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