Novo modelo de financiamento da feira é mais arriscado

A É um modelo arriscado o novo sistema de financiamento da Feira do Livro de Lisboa, e o presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, Rui Beja, não o esconde. Enquanto nos anos anteriores os velhos pavilhões eram em muitos casos propriedade dos participantes, editores e livreiros - quando não eram comprados, eram alugados por estes -, as novas barraquinhas foram adquiridas pela APEL num sistema de leasing a uma empresa do universo da Associação Empresarial de Portugal, a Jiz, especializada em conceber pavilhões para exposições.Durante os próximos cinco anos, e segundo Rui Beja, a APEL terá de pagar à Jiz perto de dois milhões e meio de euros pelas novas barraquinhas e respectiva montagem nas feiras do livro de Lisboa e do Porto. As receitas, obtê-las-á esta associação quer através da taxa de inscrição na feira que cobra aos editores e livreiros - este ano, a taxa de inscrição de cada pavilhão ronda os 1800 euros, e em Lisboa estão a ser montados 227 stands - quer através dos apoios das câmaras de Lisboa e do Porto.
O apoio financeiro da Câmara de Lisboa à APEL em 2009 é de 150 mil euros, mas não há garantias nenhumas para o ano que vem, admite Rui Beja. Perante a disputa que houve no ano passado entre a UEP e a APEL como entidades organizadoras da feira, não pode dar-se o caso de o subsídio camarário ir parar no ano que vem à UEP, ficando a APEL comprometida com uma dívida à Jiz que não conseguirá saldar? Rui Beja não acredita que isso possa acontecer, embora reconheça que existe essa possibilidade. "Seria ruinoso para todos - APEL, UEP e Câmara de Lisboa", observa. "Acreditamos que se justifica sermos também nós para o ano a organizar a feira", acrescenta.
Por outro lado, decorrem conversações entre as duas associações que poderão pôr termos às velhas rivalidades.
Depois de ter tido os mesmos pavilhões metálicos durante décadas, a feira tem agora barraquinhas de aglomerado de madeira. Entre os empregados das editoras que ontem se encontravam no Parque Eduardo VII a preparar os seus stands era notório o agrado com os novos pavilhões. "Têm um ar muito mais limpinho. Nos que usámos no ano passado entrava água por todos os lados", ouvia-se numa editora de livros infantis. Concebidos para irem para o lixo ao fim de cinco anos, os novos pavilhões também surgem aos olhos dos profissionais do sector como mais funcionais que os anteriores. Apenas o seu tamanho, mais pequeno, foi alvo de alguns reparos: levam menos livros que os seus antecessores. A.H.

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