CARTAS AO DIRECTOR

"Péssimo português" e outras questõesO senhor Virgílio Meira Soares (Virgílio com i, note-se) dirigiu uma carta ao "Público", dando conta da existência de um erro de construção frásica no editorial do srº jornalista Manuel Carvalho, intitulado "Porque errou o patriarca" (na altura dei conta do lapso, como tenho dado noutros casos). Também o srº Meira Soares assinalou o erro de um professor no título de uma carta,"Porque não enviei os objectivos individuais" e não perdeu o ensejo para alfinetar e dar palpites sobre o embuste da estafada avaliação...
Devo dizer que muito boa gente dá erros, umas vezes erros leves, de forma involuntária e/ou por distracção, outras vezes erros crassos por ignorância (quem não se lembra do célebre "hádem" de um ministro socialista?). No caso do "porque" e da sua correcta inserção na frase (já não me lembro se o srº Manuel Carvalho utilizou o advérbio interrogativo ou a conjunção causal com o sentido de por qual motivo. Se sim está correcto, o "porque" deve escrever-se num só vocábulo, embora alguns gramáticos admitam escrevê-lo em dois. No caso de ser preposição por + determinante relativo que, pode ser substituído por pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais, deve, deste modo, escrever-se em dois vocábulos. Seria o caso dos artigos do srº jornalista Manuel Carvalho e do artigo do srº professor.
Quanto ao caso do professor não querer ser avaliado, isto na perspectiva do srº Meira, devo dizer-lhe que existem putativos avaliadores que dão mais erros do que os avaliados ou poderão exprimir-se num "péssimo português"! É. Não há volta a dar-lhe. A ignorância é transversal a todos os segmentos da sociedade portuguesa...Até advogados, médicos e professores universitários darão erros! Quanto à observação do srº Vergílio Meira Soares, saberá o dito senhor, por certo, que também existe Vergílio escrito com e. Minudências ou "péssimo português"?
António Cândido Miguéis
Vila Real

Carta aberta à Sra. Ministra da Saúde
No mesmo dia em que V. Exª. anunciou ao País a intenção de trazer de volta os estudantes de Medicina no estrangeiro, procurava eu no Hospital de Santo António, autorização para realizar um curto estágio, entre dois semestres da minha Universidade, em Pilzen, na República Checa.
Congratulando-me por tão corajoso e lúcido anúncio, quero também assegurar-lhe a nossa disponibilidade para estudar e concretizar este justo propósito.
É certo que os remoques e as reacções corporativas não se fizeram esperar! A propósito, convém lembrar àqueles que clamam injustiça social, que muitos de nós contraímos empréstimos na banca e na família, ou juntamos modesto pecúlio fruto do nosso prévio trabalho para garantir este projecto de vida.
Este, não é por certo, o momento para discutir de novo o acesso ao curso de Medicina. É antes tempo para garantir condições de igualdade aos filhos da Nação que estudam no estrangeiro, tanto mais que o País, na senda das suas boas e honrosas tradições, abre agora as suas portas a médicos de países longínquos na perspectiva de socorrer o interior abandonado e contraditar as elevadíssimas remunerações que os "Médicos-empresas" impõem actualmente ao Ministério da Saúde.
Como é tempo também, de comparar métodos de formação e saber definitivamente se há espaço em Portugal para o ensino privado da Medicina.
Somos, sem dúvida, um País de acolhimento e tolerância. Se assim não fosse, não haveria lugar para os Imigrantes Médicos, agora apoiados e integrados, exercerem a sua actividade em Portugal.
No nosso caso, no fim desta etapa, pesada e de saudade, haverá pelo menos uma vantagem: - nem o Ministério da Saúde, Ordem dos Médicos, nem tão pouco Fundação Gulbenkian gastarão 1 euro no ensino da Língua em que nascemos e não esquecemos.
Aguardaremos pois que V. Exª passe das palavras aos actos. Até lá, despeço-me com um Lusitaníssimo e simbólico "Adeus, até ao meu regresso".
Francisco Pavão
Associação de Estudantes
de Medicina no Estrangeiro
(em formação)

"Campanha Negra"

O primeiro-ministro tem razão: isto é uma "Campanha Negra". Negrísssima!Iniciemos a "Campanha Branca"!
Não sendo o ministro José Socrates diferente do primeiro-ministro José Socrates no rigor pela transparência, avaliações e correlativas estatÍsticas e no empenho em inovações, urge a pergunta: mandou investigar a denúncia que teve?
Vejamos! O tio telefona-lhe e diz "recebe lá beltrano porque lhe querem sacar 4 milhões (e aqui não interessa o quê, podem ser caricas!), para aprovar um projecto que o coitado do homem tem pendurado há anos...". O ministro, voluntarioso e amante de trabalho e de preto no branco, acede e reune - uma vez, dizem uns, duas ou mais, dizem outros -, com beltrano e mais uns interessados do Ministério, da Câmara e "civis".
Motivo da reunião(ões): um caso emperrado há uns anos e mais uns cobres que querem extorquir e que beltrano deve achar muito, penso eu.
Conclusão da reunião(ões): projecto aprovado e luvinhas passadas (dizem uns!), para que mãos, não se sabe, ou sabe-se e não se quer acreditar.
Então, e a questão dos 4 milhões como é que ficou? O sr. ministro não mandou investigar; não quis saber quem era ou eram os totalistas? Sinceramente, 4 milhões é muita coisa, seja do que for! Não dá para esquecer ou disfarçar. Ou é normal, normalíssimo, e ninguém se importou, nem o zeloso ministro?
Respondida esta questão, comprovar-se-á a "Campanha Negra" a que alude. Deixar-se-á de pensar que possa ter recebido algo em troca da sua voluntariedade. Não acredito que o ministro, picuinhas como é e era - lembram-se do caso Souselas -, não quisesse extirpar esses tumores.
Valério Guerra
Portimão
As cartas destinadas a esta secção devem indicar o nome e a morada do autor, bem como um número telefónico de contacto. O PÚBLICO reserva-se o direito de seleccionar e eventualmente reduzir os textos não solicitados, nem se prestará informação postal sobre eles.
Email: cartasdirector@publico.pt

Contactos do Provedor dos LeitoresEmail: provedor@publico.pt
Telefone: 210 111 000

Sugerir correcção