José Roquette ameaça desistir dos projectos turísticos para a zona do Alqueva

Construção de refinaria na região de Badajoz fará parar investimentos de vários empresários, diz o ex-
-presidente do Sporting

A O empresário José Roquette disse ontem que tanto ele como outros investidores em projectos turísticos na zona de Alqueva podem vir a desistir dos seus empreendimentos, caso vá por diante a refinaria Balboa, cuja construção está prevista para a região de Badajoz, a poucas dezenas de quilómetros da fronteira. O receio de que a unidade industrial prejudique o ambiente e a saúde pública, contaminando o ar, a bacia do Guadiana e a albufeira de Alqueva, tem levantado críticas de um e de outro lado da fronteira, quer por parte de ambientalistas, quer de autarcas e empresários. Mil milhões de euros era quanto Roquette tinha planeado inicialmente investir no empreendimento Parque Alqueva, na zona de Reguengos de Monsaraz, que incluiria aldeamentos, apartamentos, moradias e hotéis. Mas recentemente a sua sociedade tinha admitido reduzir este montante para 250 milhões, por causa da crise económica.
Ontem, José Roquette - que falava numa sessão de esclarecimento sobre a refinaria espanhola promovida pela Agência Portuguesa de Ambiente - referia-se não apenas ao Parque Alqueva como a outros dois projectos classificados como sendo de interesse nacional: o do Barrocal (no valor de 140 milhões, e que também irá sofrer atrasos devido à recessão) e o da Herdade do Mercador (120 milhões). "Os empresários envolvidos neste projecto envolvente ao lago de Alqueva definiram muito claramente as suas posições. Se houver uma refinaria na localização prevista ou qualquer coisa parecida não há projectos turísticos em Alqueva e iremos parar os investimentos previstos", declarou.Depois de dizer que estas "preocupações" já foram transmitidas quer ao Ministério do Ambiente quer a outras instâncias governamentais "mais altas", o empresário pôs a hipótese de o problema poder vir a ser arbitrado por Bruxelas. "Esta refinaria do lado espanhol pode representar um atraso para o Alentejo", argumentou. "Nós vamos pura e simplesmente parar os investimentos previstos para a zona de Alqueva e isto faz marcha atrás na região pelo menos uns dez anos". Também presente no debate, o representante da Balboa, Edgar Rasquin, negou que a refinaria possa prejudicar o Alentejo, tendo alegado "desconhecimento" por parte dos empresários portugueses. Com Ana Henriques

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