Crise chega aos ralis e saída da Subaru deixa o campeonato com apenas dois construtores

Representante português no Conselho Mundial considera a situação "preocupante", mas diz que o WRC não corre o risco de desaparecer

a O desporto motorizado continua a ser uma das vítimas imediatas da crise económica que afecta o mundo e, em particular, as marcas de automóveis. Depois do abandono da Honda na Fórmula 1 e da Suzuki no Mundial de Ralis, este campeonato sofreu ontem mais uma baixa: a Subaru anunciou a sua desistência já em 2009, deixando o WRC com apenas dois construtores: a Ford e a Citroën. "É uma situação preocupante, mas temos de perceber que as fábricas estejam a mandar cortar nos departamentos de desporto", disse ao PÚBLICO António Vasconcelos Tavares, representante português no Conselho Mundial da Federação Internacional do Automóvel (FIA), mesmo sabendo-se que o orçamento de uma equipa topo de ralis ("150 a 200 milhões de euros anuais") é metade do que gasta uma congénere da F1.
A Subaru justificou o seu abandono com a crise económica e a quebra nas vendas de automóveis. "O ambiente económico deteriorou-se rapidamente e, para proteger a marca Subaru, fomos obrigados a tomar esta decisão", declarou Ikuo Mori, presidente da holding que detém a marca.
Sem a Suzuki, que anunciara a desistência na véspera, e a Subaru, o Mundial de ralis fica apenas com dois construtores, havendo ainda duas equipas privadas apoiadas pela Ford (a Stobart e a Munchi). É precisamente neste tipo de equipas que reside a esperança de o próximo campeonato não ser uma competição minimalista - a norueguesa Adapta já confirmou que correrá com dois Subaru.
"Fomos todos apanhados de surpresa. Mas tenho esperança que equipas privadas possam ocupar as vagas da Suzuki e Subaru", disse Vasconcelos Tavares, para quem o WRC não corre o risco de não se realizar ou de perder o estatuto de Campeonato do Mundo, apesar de a FIA, por tradição, exigir a presença de três construtores para dar essa designação a uma prova.
Rali de Portugal OK
Carlos Barbosa, presidente do Automóvel Club de Portugal e organizador do Rali de Portugal, não faz uma "leitura pessimista" da situação, acreditando também que haverá o mesmo número de carros em prova, graças a equipas privadas. "É normal que as marcas queiram dar sinais de contenção ao mercado, mas julgo que nada vai mudar", afirmou, considerando que esta situação "não afecta" o Rali de Portugal, que em 2009 voltará a fazer parte do calendário do WRC. "Estou optimista quanto ao futuro dos ralis, especialmente com as novas regras para 2010", acrescentou, referindo-se à substituição dos actuais WRC pelos S2000, carros mais baratos.
A Subaru abandona os ralis depois de 19 anos em competição, durante os quais venceu três Mundiais de pilotos e três de construtores, tendo albergado pilotos míticos como Carlos Sainz, Colin McRae e Richard Burns. A última vitória, contudo, remontava a 2005 (Grã-Bretanha).
"A saída da Subaru é uma grande perda para o Mundial de Ralis, porque era um dos seus ícones", reagiu David Richards, patrão da Prodrive, a empresa que geria a participação da Subaru no WRC. A Ford lamentou a partida dos dois rivais, mas reafirmou a sua participação no Mundial. A FIA e a Citroën ainda não comentaram.

Sugerir correcção