Centro de Memória abre hoje em Vila do Conde com museu, jardins e arquivo

Arquitecto Maia Gomes afirma que este seu projecto, candidato ao Prémio Secil,
se encaixa na estratégia de um concelho que se recusa a ser um mero dormitório do Porto

a O Centro de Memória que hoje será inaugurado pelo ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, constitui, no entender do autor do projecto, o arquitecto Maia Gomes, um equipamento "de cariz metropolitano" que se insere numa estratégia de atracção de residentes e "de afirmação de Vila do Conde como cidade com condições para ter uma vida autónoma e não ser apenas um dormitório do Porto". "Vila do Conde", acrescenta, "nunca jogará à defesa perante a cidade grande, o Porto, para não acabar engolida por essa massa enorme", e por isso quer ter espaços modernos, ainda que mantendo sempre viva, no seu casco histórico, a "memória colectiva". "Este novo espaço encherá de orgulho os vila-condenses e atrairá muita gente de outros concelhos", estima o presidente da câmara, Mário Almeida, que espera ver a intervenção efectuada distinguida com o Prémio Secil de Arquitectura.O Centro de Memória devolve à cidade, já devidamente recuperada, a Casa de S. Sebastião (imóvel do século XVII onde, nos anos 80, chegou a funcionar a biblioteca municipal) e introduz, na vivência local, mais espaços cobertos para manifestações culturais, pedagógicas ou de trabalho arquivístico e museológico. E concede fruição quanto baste, nos sete mil metros quadrados de jardins, devidamente tratados. Em pleno miolo da urbe desponta, assim, um espaço de lazer e um corredor mais atractivo para a passagem pedonal entre as ruas 5 de Outubro (antiga Estrada Nacional 13) e da Lapa (zona de expansão urbana), no período em que o centro estará aberto - de terça-feira a domingo, das 10h às 18h.
"Dentro dos muros antigos" da Casa, salienta Mário Almeida, foram contidas as "pré-existências características de Vila do Conde medieval", criando-se um auditório ao ar livre e uma cafetaria com esplanada. Foi preservado o mirante que permite um "outro olhar" sobre a cidade.
A subsidiação dos custos do Centro de Memória, através do Programa Operacional da Cultura, foi aprovada em Março de 2002 pelo governo de António Guterres, que reconheceu o interesse do projecto orçado em 5,4 milhões de euros. O Fundo de Desenvolvimento Regional comparticipou a 50 por cento e o Estado, ao longo dos anos, também foi contribuindo, aliviando o esforço da câmara, que já tinha assumido o encargo da compra do imóvel, ainda nos anos 70. O edifício foi adquirida aos descendentes do causídico Joaquim Figueiredo Faria e situa-se no Largo de S. Sebastião.
Junto ao edifício pré-existente, com 2700 metros quadrados, foram edificados mais dois corpos arquitectónicos, duplicando-se a área coberta. Do ponto de vista museológico, Mário Almeida espera que o centro passe a funcionar como "âncora" da Rede Municipal de Museus, evidenciando "um extremo cuidado na escolha de exposições".
Para a inauguração foram seleccionadas as seguintes mostras: Júlio ou expressionismo em Portugal; esculturas de Ângelo de Sousa, cedidas pela Fundação de Serralves; e exposições de arte cinemática de vários autores.
No interior ficam "os depósitos do arquivo municipal", as "áreas de tratamento técnico, salas de exposições temporárias e permanentes, sala de leitura e sala polivalente, serviços educativos, espaço Internet e cafetaria" e uma área de estanteria e módulo de armazenamento. O acervo do arquivo inclui milhares de documentos desde o século XII à actualidade. No exterior, ligado aos jardins, funcionará um Centro de Pedagogia Ambiental que procurará incentivar a população escolar para a defesa do meio-ambiente.

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