Torne-se perito

Agostinho Lopes, histórico dirigente do PCP, deixou a comissão política do partido

O dirigente abandona o mais importante órgão de gestão política do PCP por sua vontade. Para já, continua deputado

A Em vésperas do XVIII Congresso, o PCP perde um dos seus mais emblemáticos dirigentes que ainda estava no activo. Agostinho Lopes abandonou, a seu pedido, a comissão política do PCP, que integrava desde o XII Congresso, no Porto, em 1988.As áreas de trabalho de que Agostinho Lopes era responsável, nomeadamente o acompanhamento da política, da economia, da agricultura, das pescas e da União Europeia foram entregues a João Frazão.
Agostinho Lopes deverá, porém, manter-se como membro do comité central a ser eleito pelos delegado à assembleia magna do PCP, que terá lugar entre 29 de Novembro e 1 de Dezembro. O PÚBLICO questionou a direcção do PCP através do gabinete de imprensa sobre o significado da decisão de este engenheiro de 63 anos deixar a comissão política. O assessor de imprensa, António Rodrigues, não adiantou explicações para a saída e respondeu apenas: "Não há comentários a fazer."
Olhado como uma referência pelos sectores moderados que ainda permanecem como militantes do PCP, Agostinho Lopes é um histórico dirigente do partido e visto como um dos seus construtores no Norte do país após o 25 de Abril.
Olhado como um "homem do aparelho" durante décadas, até porque foi um dos responsáveis pela construção desse aparelho, Agostinho Lopes tempera essa imagem de "duro" com a sua capacidade intelectual que lhe permitia fazer a ponte entre sectores partidários de origem mais operária ou rural e os intelectuais do partido.
É o seu peso interno, a sua capacidade intelectual e o seu rigor ético que levam a que, no XIV Congresso, em Almada, em 1992, quando Carlos Carvalhas foi eleito secretário-geral, o nome de Agostinho Lopes fosse discutido nos bastidores da preparação do congresso como uma hipótese de vir a ocupar o lugar de número dois.
A ideia era repetir a fórmula do adjunto, que durante dois anos servira para preparar Carlos Carvalhas para substituir Álvaro Cunhal na liderança. A proposta foi defendida por iniciativa de alguns dirigentes que consideravam Carvalhas demasiado moderado e conciliador e que temiam a excessiva abertura que o partido poderia ter com a saída de Cunhal do primeiro plano da direcção.
Mas, ainda que apoiado pelos sectores vistos como mais duros e aparelhísticos e sendo um defensor de que o PCP não devia abandonar o marxismo-leninismo, como doutrina, e o centralismo democrático, como método de organização, Agostinho Lopes nunca foi olhado como um sectário e sempre foi respeitado pelos sectores mais moderados. Tanto que, quando na preparação do XVII Congresso, que se realizou em 2004, é debatida a substituição de Carlos Carvalhas por Jerónimo de Sousa, há sectores moderados do PCP que preferiam ver Agostinho Lopes como líder do partido.
Nascido no distrito de Braga a 16 de Novembro de 1944, Agostinho Lopes é licenciado em Engenharia Químico-Industrial, mas dedicou a sua vida a ser funcionário e dirigente do PCP.
Deputado à Assembleia da República, foi eleito como cabeça de lista por Braga nas legislativas de Fevereiro de 2005. Entrou no hemiciclo de São Bento a primeira vez em 1991, ano do início da VI Legislatura parlamentar, eleito pelo círculo eleitoral de Santarém. Regressa na VIII, em 1999, novamente como candidato por Braga.
Na Assembleia da República integra as comissões parlamentares de Assuntos Europeus e a de Assuntos Económicos. Preside à Comissão Eventual para o Acompanhamento das Questões Energéticas e integra ainda a Subcomissão de Agricultura, Florestas, Desenvolvimento Rural e Pescas.
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