Índia em estado de alerta máximo após 46 mortes em dois dias de atentados bombistas

Os ataques foram reivindicados por um grupo que se autodenomina "Mujahedines Indianos"

a As principais cidades da Índia estavam ontem em estado de alerta máximo, patrulhadas pelo exército, após uma série de atentados à bomba - com uma intensidade brutal no sábado -, em que morreram 46 pessoas e 161 ficaram feridas.O Governo ordenou prontamente o encerramento de todas as lojas, cinemas e mercados e pediu às pessoas para se manterem em casa. O Presidente, Pratibha Patil, apelou à população "para manter a calma e a harmonia", citava a agência noticiosa francesa AFP. E o ministro do Interior, Shivraj Patil, apelou a que "não seja permitido a ninguém beneficiar destes atentados para criar um clima de terror".
O maior número de explosões - de bombas relógio, não menos do que 16, explodindo todas durante um período de pouco mais que 36 minutos - deu-se em zonas muito frequentadas de Ahmedabad, principal e extremamente sensível cidade do estado de Gujarat, onde confrontos entre as comunidades hindu e muçulmana causaram a morte de umas duas mil pessoas em 2002.
Os principais alvos escolhidos foram mercados e autocarros e, já numa segunda mas imediata vaga, também hospitais, para onde tinham sido conduzidas as vítimas dos primeiros atentados.
"Vim com os meus filhos ver a minha mãe ao hospital", recordava à agência britânica Reuters Pankaj Patel, cujo filho Rohan e filha Pratha morreram numa das explosões no hospital. "Eles estavam a rir quando a explosão se deu. Agora estão mortos."

Reivindicação por e-mailA maior parte das bombas foram colocadas dentro de marmitas, cheias de fragmentos de balas, e atadas a bicicletas. Pelo menos uma foi colocada num cilindro de gás num dos hospitais de Ahmedabad. Duas bombas por explodir foram encontradas pela polícia já ontem, na cidade de Surat, um dos maiores centros mundiais da indústria de diamantes, localizada também no estado de Gujarat.
Um grupo quase desconhecido, autodenominado "Mujahedines Indianos", reivindicou por correio electrónico estes ataques - de acordo com as televisões da Índia - que tomaram de assalto a zona ocidental do país, um dia depois de algumas outras explosões terem ocorrido em Bangalore, cidade com uma fortíssima indústria de tecnologias de informação no Sul da Índia, saldando-se na morte de uma mulher e sete feridos. O mesmo grupo afirmou ter levado a cabo a série de atentados à bomba que, em Maio passado, mataram 63 pessoas em Jaipur.
Alguns analistas notam que existem provas de actividade de grupos muçulmanos locais. Ao longo de anos estes grupos não foram aparentemente influenciados pelo aumento da militância global islamista. As autoridades da Índia - onde é raro os atentados serem reivindicados - suspeitam de que grupos militantes do Paquistão e do Bangladesh estejam por detrás dos ataques perpetrados nos anos recentes.
Durante a noite, foram levados a cabo vários raides policiais, tendo as forças de segurança feito algumas detenções, precisava a agência de notícias indiana Press Trust.
O foco principal destes raides foi uma casa nos arredores de Bombaim, de onde a polícia suspeita ter sido enviado o e-mail reivindicando os atentados.

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