Câmara quer vender a residência oficial que está a ser usada por António Costa

A residência oficial criada por Kruz Abecasis foi habitada pela primeira vez por Santana Lopes. António Costa, que utiliza regularmente a casa, já procura alternativa

a A Câmara de Lisboa vai mandar avaliar a residência oficial do seu presidente, no Parque Florestal de Monsanto, com vista à sua eventual alienação. António Costa, que ali pernoita frequentemente com um filho e tem domicílio no concelho de Sintra, poderá ficar assim sem casa na capital. O autarca já anda à procura de alternativa para alugar.Construído em meados do século passado para alojar o chefe da Divisão de Matas do município, o casarão existente junto à estrada que desce de Montes Claros para a Ajuda foi transformado em residência oficial, em 1989, por decisão do antigo presidente da autarquia Kruz Abecasis. Na década seguinte, durante os mandatos de Jorge Sampaio e de João Soares, o edifício de dois pisos, resguardado pelo arvoredo e pelas vedações que envolvem o jardim anexo, foi utilizado quase exclusivamente para actos protocolares, ou para reuniões dos vereadores da maioria.
Com a chegada de Santana Lopes à presidência da autarquia, em Janeiro de 2002, a casa de Monsanto tornou-se, pela primeira vez, no local de habitação regular do chefe do executivo municipal. João Soares já a tinha utilizado esporadicamente, mas foi Santana Lopes o primeiro a instalar-se nela.
Defrontando-se inicialmente com críticas várias e comentários jocosos, até por causa da sua agitada vida pessoal, o então autarca chegou a justificar a sua mudança com a ideia de que ela contribuiria para "humanizar" o parque florestal, então muito frequentado por prostitutas e respectivos clientes. Na verdade, a prostituição desapareceu da zona nessa altura e Monsanto foi alvo de diversas intervenções de requalificação, voltando a ser procurado por muitos lisboetas.
Quando Santana saiu da câmara para o Governo, no Verão de 2004, a residência foi mais uma vez notícia, desta feita porque o PS levantou suspeitas, na assembleia municipal, de que o então primeiro-ministro levara consigo o equipamento do ginásio que mandara instalar em Monsanto. Santana Lopes veio depois a confirmar ter levado os aparelhos, mas garantiu que a maior parte deles já era sua e que os outros os tinha pago do seu bolso.
De então para cá não se voltou a falar na casa, mas, nos últimos dois meses, começaram a correr rumores de que António Costa tinha seguido os passos de Santana e estava a viver na residência oficial.
Casa vai ser avaliada
Proprietário de uma moradia num condomínio fechado de Fontanelas, no concelho de Sintra, o autarca tem ali o seu domicílio pessoal, juntamente com a mulher e dois filhos, mas, quando ali está, a distância obriga-o a passar uma a duas horas por dia no caminho, como já acontecia quando estava no Governo.
Questionado anteontem pelo PÚBLICO, o gabinete do presidente da câmara confirmou que António Costa, "desde o início do seu mandato, tem pernoitado na residência oficial de Monsanto algumas noites por semana, normalmente na companhia do seu filho". De acordo com a resposta escrita do seu assessor de imprensa, "o dr. António Costa e a sua família" ainda mantêm a residência em Fontanelas, "embora esteja à procura de casa para arrendar em Lisboa".
Em Monsanto, o autarca tem ao seu serviço uma governanta, que ali reside e trabalha há muitos anos, e um polícia municipal em permanência, que se ocupa da segurança da casa, esteja ela ocupada ou não.
A presença de António Costa em Monsanto poderá não se prolongar por muito tempo, não só porque ele está à procura de casa própria em Lisboa, mas também porque a venda da residência oficial está a ser preparada pelos serviços camarários. Segundo o seu porta-voz, foi já decidido "proceder à avaliação da moradia para efeitos da sua eventual alienação".

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