Teatro Experimental do Porto comemora 55 anos com homenagem a cinco artistas plásticos

Pequeno destaque em caixa com fundo que tambem pode servir de legenda para a fotografia do lado esquerdo a Faz hoje exactamente 55 anos que subiu ao palco a primeira produção do Teatro Experimental do Porto (TEP): sob direcção de António Pedro, histórico actor, encenador e artista plástico, representaram-se, num só acto, A Gota de Mel, de Léon Chancerel, Um Pedido de Casamento, de Antón Tchekov, e A Nau Catrineta, de Egito Gonçalves. A efeméride vai ser comemorada, mas já não no Porto (a companhia mudou-se para Gaia em 1999) e sem teatro, antes com uma exposição que homenageia cinco dos artistas plásticos que colaboraram regularmente com o TEP desde esse 18 de Junho de 1953: Ângelo de Sousa, Armando Alves, Jorge Pinheiro, José Rodrigues e Jaime Isidoro.
4+1 Artistas no Teatro Experimental do Porto, a mostra que é inaugurada esta tarde na Casa-Museu Teixeira Lopes, em Gaia, pretende, segundo Júlio Gago, director da companhia, mostrar que "o TEP não foi só actores e teatro, mas uma ampla comunidade artística". "Desta vez foi decidido em assembleia geral distinguir como sócios honorários cinco artistas plásticos que connosco colaboraram regularmente ao longo destes 55 anos", acrescentou ao o responsável pelo TEP.
A exposição inclui cenários, figurinos e cartazes executados por aqueles cinco conceituados artistas, mas também pinturas e desenhos da sua autoria, assinalando igualmente o facto de se comemorar este ano o 40.º aniversário da primeira exposição, na Galeria Alvarez, do célebre grupo 4 Vintes (Ângelo de Sousa, Armando Alves, Jorge Pinheiro, José Rodrigues). "Quando a exposição aconteceu, em 1968, os quatro já tinham assinado colaborações com o TEP", recorda Júlio Gago. Entre os trabalhos expostos conta-se um exemplar do cartaz apreendido pela polícia de A Casa de Bernarda Alba, de Frederico García Lorca, que o TEP levou à cena em 1972 e que acabou perseguido pela censura.
As limitações à liberdade não conseguiram, então, acabar com o TEP, mas, no final do séc. XX, as dificuldades financeiras obrigaram a companhia a mudar de margem, atraída pelos apoios prometidos pela Câmara de Gaia. Quase dez anos depois, Júlio Gago garante que o TEP se sente perfeitamente confortável em Gaia, onde beneficia de "um apoio de que nunca dispôs no Porto". "Está em Gaia e vai continuar em Gaia, agora com um projecto mais alargado", garante o director da companhia.
O próximo desafio, acrescenta Gago, passa pela construção do Museu de Teatro António Pedro, que a companhia gostava de inaugurar já em 2009, assinalando o centenário do nascimento do surrealista e primeiro director artístico da trupe. Para tal, a autarquia gaiense anunciou a cedência de um edifício na zona ribeirinha, estando já garantida, além do espólio do próprio TEP, a cedência de vários acervos ligados a António Pedro. Só falta, segundo Júlio Gago, assegurar o já prometido apoio do Ministério da Cultura. Em Setembro, a companhia deverá estrear dois novos espectáculos no Auditório Municipal de Gaia: Restos, de Bernardo Santareno, e Memórias, a partir de duas peças de Arthur Miller.

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