A Naifa, uma afiada inclinação para o sucesso

Primeiro correram o país, agora querem correr mundo. Barcelona e Antuérpia estão na agenda

a Já é a terceira volta ao país da A Naifa, mas a que termina hoje em Braga teve maior fôlego. Fundado em 2004, e já com três álbuns em carteira, o grupo de Luís Varatojo (guitarra portuguesa), João Aguardela (baixo), Maria Antónia Mendes (voz) e Paulo Martins (bateria) tem andado a mostrar o que vale o seu mais recente disco, Uma Inocente Inclinação Para o Mal. E as reacções têm sido de modo a sentirem-se com uma afiada inclinação para o sucesso. "Os concertos tem sido muito bons", diz Luís Varatojo. "Quando as pessoas contactam com a nossa música, sente-se que há alguma coisa que as toca." Isto nos palcos, porque na rádio o silêncio dá-lhes razões de queixa. "As rádios estão muito formatadas para determinados tipos de música", diz o guitarrista. "Ora a música que fazemos, como não é formatada, não encaixa em lado nenhum. O problema não é nosso, é das rádios."
Ao contrário dos discos anteriores, com letras de autores muito diversos (José Luís Peixoto, Adília Lopes, Pedro Sena-Lino, Tiago Gomes, Ana Paula Inácio, Rui Lage e outros), este tem letras de um autor só, Maria Rodrigues Teixeira. Conheceram-na em Tondela, no ACERT, era uma fã e conhecedora da música do grupo e não tardou a enviar-lhes letras para um disco inteiro. "Mandou-nos muita coisa, até mais do que uma vez. Ao que sabemos, ela trabalhava em escrita criativa, na área da publicidade. O que nos mandou para canções, do meu ponto de vista, é ouro. Só acontece uma vez na vida."
"Além disso", diz-nos por sua vez Maria Antónia Mendes, a vocalista, "ela teve uma grande visão do nosso trabalho. Fotografou completamente o ambiente e imaginário da Naifa". "Além disso, esta escrita acabou por guiar a música", acrescenta Luís Varatojo.
Aos 14 temas do disco, A Naifa acrescenta em palco alguns outros, dos dois trabalhos anteriores, além de uma versão de Desfolhada, de Simone de Oliveira (já tinham feito uma versão ao vivo da Tourada de Ary e Fernando Tordo). "É uma boa canção, do reportório extenso da música ligeira portuguesa. É como um doce, no segundo encore", diz Maria Antónia Mendes. "Dá-nos prazer tocar essas músicas, porque não?", acrescenta Luís.
Para chegar o público e saltar fronteiras, A Naifa usa sobretudo a web. "Achamos que é absolutamente necessário comunicar através da Internet, porque é difícil comunicar através da televisão ou da rádio", diz Varatojo. A internacionalização é o passo seguinte. Vão tocar a Barcelona, Badajoz, Antuérpia, até ao Leste europeu. "Há ainda a hipótese de ir à Lituânia, República Checa, Roménia, Hungria..." O fim da digressão é, para A Naifa, um novo princípio. Se tudo correr bem, receberemos ecos deles, lá de fora.

Sugerir correcção