Criminologia da Universidade do Porto vai estudar bairros sociais e videovigilância

Protocolo permitirá conhecer efeito sobre o sentimento de segurança das obras nos bairros

a A Câmara do Porto e a Escola de Criminologia da Faculdade de Direito da Universidade do Porto assinaram ontem um protocolo em que esta última se compromete a observar o sentimento de segurança nas populações. Nomeadamente, nos bairros sociais alvo de obras de melhoramento e na zona da cidade para onde está prevista a instalação de videovigilância. "A intervenção nos bairros sociais é francamente positiva, mas falta medir esse efeito, o impacto ao nível da inclusão social e da segurança urbana", descreveu o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio."Através dos resultados que vamos obter, tal pode permitir introduzir correcções ou, melhor do que isso, atitudes complementares", acrescentou o autarca. A Escola de Criminologia irá estudar o efeito das melhorias nos bairros sociais do Porto, assim como o sentimento da população em relação à segurança antes e depois da instalação do sistema de videovigilância previsto para a zona da Ribeira.
Cândido Agra, responsável pela Escola de Criminologia, avisou que as estatísticas oficiais não chegam para conhecer a fundo o fenómeno da criminalidade, pelo que aconselha um aprofundamento do estudo destas matérias. "Os dados das polícias não são suficientes para nos pronunciarmos com objectividade sobre os números da criminalidade e a sua tendência". Nomeadamente, apontou, às estatísticas policiais é preciso acrescentar inquéritos internacionais de vitimização e de delinquência auto-revelada aplicada aos jovens. Algo que em Portugal não é feito ou tem-se "aplicado atabalhoadamente", conforme criticou. As conclusões da Escola de Criminologia deverão ser conhecidas em Dezembro próximo.
Sobre o sentimento de insegurança que poderá afectar os portuenses, Cândido Agra lembrou que é necessário recordar as histórias das urbes. "As cidades actuais são de longe mais pacíficas do que as da Idade Média, contrariamente ao que é construído pelo discurso mediático." Ainda assim, defende este especialista, não há motivos para cruzar os braços. "Não há razões para estarmos inquietos nem para estarmos tranquilos."

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