CP apresenta simulador para medir emissões de CO2 em viagens de comboio e automóvel

Projecto foi desenvolvido em parceria com o Instituto Superior Técnico, estará operacional em Junho no site da CP e é apresentado hoje no congresso ferroviário

Pequeno destaque em caixa com fundo que tambem pode servir de legenda para a fotografia do lado esquerdo 00%
a Um simulador que compara o consumo energético e a emissão de CO2 entre o comboio e o automóvel vai ser uma das novidades apresentadas pela CP hoje no Congresso Nacional Ferroviário. Trata-se de uma aplicação que estará disponível em Junho no site da empresa e onde as pessoas poderão escolher itinerários e ver as consequências da sua opção pelos dois modos de transporte na produção de CO2, emissão de partículas, consumo de energia e tempos médios de viagem.
Entre Lisboa e o Porto, em Alfa Pendular, por exemplo, consomem--se menos 22 quilos de emissões de CO2 viajando pela Linha do Norte do que na A1. Essa redução é de 55 quilos num percurso Porto-Algarve com o mesmo tipo de comboio. Mesmo num itinerário em que parte da viagem é feito num comboio rebocado por uma locomotiva a diesel, como é o caso do Lisboa-Covilhã, as emissões são menores em 17 quilos para o modo ferroviário. Nos suburbanos, uma pessoa entre Sintra e o Rossio polui menos 4,7 quilos se for de comboio em vez de carro. Entre o Porto e Braga a diferença é de seis quilos.
O projecto foi desenvolvido em parceria com o Instituto Superior Técnico depois de uma primeira experiência só para as linhas suburbanas da CP. A metodologia utilizada tem em conta a tipologia do parque automóvel, a velocidade nas horas de ponta, o custo das portagens e a percentagem do percurso em meio urbano. Nos comboios, cada percurso tem em conta o tipo de material circulante e os quilómetros percorridos com tracção eléctrica e a diesel. A CP pretende com o projecto dar a conhecer as vantagens do comboio em termos ambientais para que tal também passe a ser tomado em consideração pelos passageiros. "A maioria dos percursos serão favoráveis ao transporte ferroviário, mas outros poderão não o ser porque ainda não temos toda a frota modernizada", disse ao PÚBLICO o presidente da empresa, Cardoso dos Reis. Esta situação, porém, deverá ser alterada com os investimentos previstos - mas ainda não aprovados - para a compra de comboios mais modernos.
Esta fase do simulador ainda não abrange o serviço regional, onde a CP tem pior desempenho ambiental, pois grande parte deste serviço é assegurada por velhas automotoras a diesel. A sua não-inclusão nesta fase deveu--se, porém, à grande quantidade de itinerários existentes neste serviço. A transportadora decidiu fazer a comparação apenas com o automóvel e não com o autocarro, para não afrontar empresas que considera parceiras. "O nosso concorrente de peso é o transporte individual e não o público ou o colectivo", disse Cardoso dos Reis. Devido à dimensão do país, não foi também tido em conta o transporte aéreo.
Em França, quando a SNCF (homóloga da CP) criou um simulador e o pôs no seu site teve de enfrentar a Air France e a Britihs Airways em processos judiciais. A transportadora ferroviária, contudo, ganhou porque os valores apresentados - que colocavam os aviões imensamente mais poluentes que os comboios - estavam correctos.

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