Daniel Maia é o terceiro português a desenhar na Marvel num ano

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O ilustrador e desenhador está já a trabalhar no Ms. Marvel Special Daniel Maia

“Foi surpreendente, não estava à espera”, diz o ilustrador de 30 anos, que foi ao Fórum Fantástico de Lisboa, onde esteve presente o editor e caça-talentos da Marvel C.B. Cebulski, sem a intenção de concorrer à busca de novos talentos ChesterQuest. Mas levou um port-folio com trabalhos de banda-desenhada e de ilustração publicitária e acabou por mostrá-lo ao argumentista da Marvel.

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“Foi surpreendente, não estava à espera”, diz o ilustrador de 30 anos, que foi ao Fórum Fantástico de Lisboa, onde esteve presente o editor e caça-talentos da Marvel C.B. Cebulski, sem a intenção de concorrer à busca de novos talentos ChesterQuest. Mas levou um port-folio com trabalhos de banda-desenhada e de ilustração publicitária e acabou por mostrá-lo ao argumentista da Marvel.

“Estava hesitante, já tinha tido “raspões” com a Marvel, não era novo” no meio e até tinha agente em contactos com a editora, explicou ao PÚBLICO. Daniel Maia parecia fadado a ser, com Miguel Montenegro, um dos pioneiros portugueses nas grandes editoras de comics dos EUA. Mas questões circunstanciais – outros trabalhos ou escolhas das editoras – foram sempre “sabotando” as suas tentativas.

Em 2004, Maia teve um primeiro contacto com uma subsidiária da DC Comics, “concorrente” da Marvel, que não se concretizou, e no ano seguinte chegou a esboçar trabalhos sobre a personagem Justiceiro para a Marvel, que também não foram adiante. Noutro processo de selecção, em 2006, foi-lhe pedido que trabalhasse Miss Marvel, associada aos Vingadores e aos X-Men, para o “estudarem para essa personagem”, mas só depois do encontro com Cebulski e de ter sido contactado pela Marvel no início do ano é que finalmente começou um projecto garantido com a editora.

A história que está a desenhar apanha Miss Marvel “a lidar com um jovem como o Anakin Skywalker, com muitos poderes e muito confuso. Uma puberdade ao quadrado”, ri-se o desenhador. “O mais interessante é que a série quase funciona como um tributo aos comics da silver age (anos 1960 e 70)”, cheios de piratas, metrópoles, ilhas secretas, laboratórios, espaço e sábios do mal. “É um trabalho de fôlego”.

Daniel Maia segue assim os passos de Ricardo Tércio e João Lemos, que em 2007 publicaram pela Marvel no âmbito da série especial Avengers Fairy Tales. Miguel Montenegro foi o primeiro, em 2003, a trabalhar com a editora, tornando-se o primeiro português a desenhar uma capa (o nº 51 dos Espantosos X-Men), em 2004.

Nos últimos anos, a editora tem expandido ainda mais as suas já multinacionais listas de autores. A ChesterQuest tinha como objectivo identificar 12 novos talentos, mas acabou por resultar em mais de 20 contratações. “Estamos a ganhar uma nova voz e uma nova imagem nos nossos comics”, comentou Cebulski ao PÚBLICO em Novembro, “e notámos nos últimos anos, sobretudo com a projecção global dos filmes baseados nas personagens da Marvel, que estas novas demografias pedem novos estilos”.

E Portugal está no mapa Marvel pela terceira vez num ano. “Haver agora uma leva de autores é sintomático do nosso mercado, que é altamente disfuncional e limitativo”, comenta Daniel Maia. “As oportunidades que surgem do estrangeiro, seja do mercado francófono ou americano, são a bóia de salvação para que os nossos bons autores se profissionalizem nesta área”.

Estas escolhas são “um elogio para a comunidade artística” e, espera, “podem possibilitar a entrada de ainda mais talento no mercado americano e abrir-lhes os olhos para o que se faz cá”.

Daniel Maia é representado nos EUA pela Art & Comic International e integra o português Estúdio Hydra.